Por que os ultrarricos atraem tanto

Nos últimos anos, está havendo um crescente interesse por livros, filmes e séries que retratam a superelite econômica. O romance Confiança, de Hernán Díaz – vencedor em 2023 do prêmio Pulitzer, um dos principais dos Estados Unidos – tem como protagonista um dos maiores investidores do mercado financeiro do século XX. Ganhadora de mais de uma dezena de prêmios, a série White Lotus chega neste mês à terceira temporada com seus confrontos entre hóspedes e funcionários em resorts de luxo. O filme Triângulo da tristeza, do sueco Ruben Östlund, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2022, elegeu um iate luxuoso para contar uma história que tem entre seus personagens um oligarca russo, um empreendedor da indústria tecnológica e um casal que enriqueceu fabricando arma.

Poucas produções recentes, porém, exerceram tanto fascínio em todo o mundo quanto Succession, a premiada série que conta a história do bilionário Logan Roy – parcialmente inspirado no empresário Rupert Murdoch – e a briga dos seus filhos para sucedê-lo no comando de seu conglomerado de mídia.

Na piauí deste mês, Alejandro Chacoff escreve sobre essa série, relacionando-a a outras obras do gênero, e analisa como a obsessão com a alta elite diz tanto sobre nosso momento atual. “[Em Sucession], os personagens ricos são ridículos: a mensagem é telegrafada a cada episódio, a cada diálogo. Ao mesmo tempo, coexiste nas obras um forte elemento aspiracional. O apuro estético da cenografia, do figurino, das locações, é feito para deslumbrar e, em última instância, vender”, escreve Chacoff. “Há uma tensão latente e vagamente perturbadora entre a forma como Succession, White Lotus e séries e filmes afins se promovem (sátiras ácidas sobre caricaturas desprezíveis) e o fascínio voyeurístico que as mesmas obras geram.”

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