O rabino Ruben Gerardo Sternschein se declara vítima de uma campanha difamatória Reprodução/ Instagram
Rabino Ruben Sternschein é demitido da CIP
Em outubro, a piauí revelou denúncias de assédio sexual contra o rabino
Na quarta-feira (24), véspera do Natal, a Congregação Israelita Paulista (CIP) comunicou aos seus associados a saída de Ruben Sternschein, rabino sênior da instituição. Em nota, a congregação afirmou que Sternschein “exerceu sua função com compromisso com o judaísmo e com a vida comunitária”.
“A Congregação Israelita Paulista registra seu agradecimento pelo trabalho realizado, pelo tempo dedicado e pelas contribuições oferecidas ao longo de sua atuação, desejando ao rabino Ruben Sternschein êxito em seus próximos projetos e caminhos”.
O documento assinado pela presidente da CIP, Laura Feldman, diz ainda que a organização vai manter suas atividades religiosas, educacionais e comunitárias por meio de seu Comitê de Culto, e que “os próximos passos serão oportunamente compartilhados com a comunidade”.
O comunicado não esclarece os motivos que levaram ao desligamento do rabino, que atuou por dezoito anos na congregação. O documento também não faz qualquer menção às mulheres que acusam o rabino de assédio. A assessoria de imprensa da CIP informou à piauí que não fará nenhum comentário adicional além da nota enviada aos associados. Segundo apurou a piauí, Sternschein foi demitido de suas funções.
Em outubro, a partir do relato de cinco mulheres, a piauí mostrou na reportagem Um jogo de poder que o religioso mantinha uma prática de investidas sexuais dentro da CIP. A revista também teve acesso a um documento de cinco páginas enviado a uma organização rabínica internacional, a Conferência Central dos Rabinos Americanos (CCAR, na sigla em inglês), com sede em Nova York. Neste documento, os relatos descrevem o envolvimento de Sternschein em quatro casos de assédio sexual e oito casos de assédio moral.
O roteiro das relações de Sternschein eram semelhantes. Segundo os relatos, a aproximação acontecia com cantadas e atos libidinosos, evoluía para encontros periódicos e, tempos depois, tudo se encerrava de forma conflituosa. Ainda que fossem consensuais, os encontros podem ser considerados crimes de assédio, cuja característica central está na relação de poder e de hierarquia.
Os encontros aconteciam no quarto andar da CIP, em um dos quatro escritórios dedicados aos rabinos. O espaço tem em torno de 12 m², com três paredes brancas e uma quarta revestida com painel de madeira. Em geral, os rabinos usam suas salas para estudar, preparar cursos e prédicas, e atender os membros da comunidade. No caso de Sternschein, o escritório serviu de ambiente para relações sexuais com diferentes mulheres, que chegaram, quase sempre, com um mesmo objetivo: a conversão ao judaísmo, que é um processo rigoroso e demorado. Na CIP, o processo de conversão é, em grande medida, arbitrado pelo rabino Sternschein.
Em outubro, a CIP disse que uma “consultoria externa especializada” seria contratada para averiguar o conteúdo da reportagem, mas não informou o nome da empresa. Uma fonte disse à piauí que a piauí que não houve uma nova sindicância, informação que a entidade não comenta.
Agora, Sternschein deixa a instituição definitivamente. Procurado pela reportagem nesta sexta-feira, 26, ele não se manifestou.
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