O secretário Renato Feder Imagem: Flickr/ Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
questões didáticas
Renato Feder, o homem que atropela a educação paulista
Secretário estadual acumula medidas polêmicas, como trocar livros didáticos por material digital – um plano que cultivou por anos, desde que ocupou o mesmo cargo no Paraná
Raquel Cozer
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03 nov 2023_05h15
Em julho, o governo paulista abdicou de 10 milhões de livros didáticos financiados pelo governo federal para 2024 no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD). Nas escolas estaduais, os livros já estavam sendo substituídos aos poucos por um material digital cuja procedência ninguém conhecia e que não primava pela qualidade, a julgar pelos primeiros conteúdos vindos à tona.
De sindicatos a fundações empresariais, não houve voz relevante que tenha deixado de se manifestar contra a decisão de São Paulo de sair do PNLD. Ao tomar essa medida, o governo de Tarcisio de Freitas (Republicanos) abriria mão de livros para quase 1,4 milhão de alunos do 6º ao 9º anos do ensino fundamental, renunciando a uma verba de 120 milhões de reais.
Por trás da decisão (da qual o governo acabaria voltando atrás), estava o secretário estadual de Educação, Renato Feder, de 45 anos.
Além de uma série de problemas na qualidade do material pedagógico digital, chamou a atenção o fato de Feder ser sócio da Multi (novo nome da Multilaser), empresa de produtos digitais que tem contratos com o governo estadual firmados na gestão anterior e que, em tese, poderia vir a se beneficiar da mudança.
Feder já exerceu o mesmo cargo no Paraná e coleciona desde então medidas controversas na educação.
Quando Ratinho Júnior confirmou seu nome para a pasta, no final de 2018, o apresentou como “CEO da empresa Multilaser, [que] tem experiência em gestão e no intercâmbio de estudantes com o exterior”. Era uma descrição curiosa, dadas as prioridades de uma rede pública.
Nos primeiros seis meses da gestão Feder no Paraná, o diálogo tinha se mostrado difícil, com muitas mudanças repentinas. Entre elas, a implantação do Presente na Escola, aplicativo para controlar a frequência dos alunos, e da Prova Paraná, feita de modo digital a cada três meses para obter um “raio X de aprendizagem na rede”.
Pouca gente soube na época, mas seu plano também envolvia abrir mão dos livros do PNLD. Em maio de 2019, alguns editores de livros souberam de sua intenção e conseguiram uma reunião com a equipe de Feder, para tentar demover a secretaria da ideia. Por esse motivo ou outro, a proposta de renunciar aos livros do PNLD não avançou.
Em março de 2019, o secretário anunciou o projeto de pôr policiais militares nas escolas contra “alunos malandros e malfeitores”, em suas palavras. Em 2021, durante uma live para a rede de ensino paranaense, demonstrou irritação com professores ao saber de dificuldades nas aulas remotas. “É obrigatório! Obrigatório a orientação do professor para abrir a janela. Ai, mas o aluno não tem webcam… Ai, mas o aluno não… Se vira!”, disse, no trecho que circulou na internet, e que a secretaria afirmou, na época, ter sido tirado de contexto.
Essas foram apenas algumas das polêmicas de Feder, um secretário que está isolado em São Paulo, investigadas por Raquel Cozer na piauí deste mês.
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