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    Rick Azevedo na Câmara Municipal do Rio: para ele, o principal desafio no primeiro mês de mandato foi lidar com o fato de que ninguém na política o conhecia. “Eu cheguei do nada”, diz CRÉDITO: ANDRÉ VALENTIM_2025

vultos da política

Rick Azevedo contra a jornada de trabalho 6 por 1

Como um ex-caixa de farmácia criou um vigoroso movimento político e se elegeu vereador no Rio

Pedro Tavares | 17 abr 2025_11h20
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No dia 13 de setembro de 2023, o caixa de farmácia Ricardo Car­doso Azevedo teve que chegar ao trabalho às 7 horas, a pedido de sua chefe. Não era seu horário habitual, que ia das 14 às 23 horas, durante seis dias seguidos por semana. De mau humor, ele resolveu postar no TikTok um vídeo que fizera na noite anterior.

Na gravação, ele manifestava sua indignação com a jornada de trabalho de seis dias e um de folga: “Gente, eu estou aqui revoltado com essa escala 6 por 1. Eu estou querendo saber quan­do é que nós, da classe trabalhadora, ire­mos fazer uma revolução neste país relacionada à escala 6 por 1. É uma escra­vidão moderna. Moderna não, ultrapassa­da.”

Em poucas horas, o vídeo teve milhares de visualiza­ções e centenas de comentários, com uma audiência bem acima dos padrões da rede social. Azevedo se lembra de que, à noite, a publicação já havia ultrapassado 100 mil visualizações. “Foi então que comecei a perceber a propor­ção do que estava acontecendo”, ele conta a Pedro Tavares, na edição deste mês da piauí.

Azevedo havia tocado num nervo exposto da sociedade e dado um passo decisivo para uma mudança radical em sua vida e mesmo para o debate político da esquerda.

Na quinta-feira, dia 14, com a ajuda de seu melhor amigo, o advogado João Victor Félix, ele iniciou a gravação de outros vídeos sobre o mesmo assunto, com transmissões ao vivo em que res­pondia aos seus seguidores. Como a repercussão só aumentava, alguns dias depois ele criou comuni­dades no WhatsApp para discutir a jornada 6 por 1. 

O debate foi ganhando força nas re­des sociais, enquanto Azevedo seguia com os vídeos. Em uma conversa com apoiadores numa das comunidades do WhatsApp, ele escreveu que a mensa­gem que queria passar é que existe “vida além do trabalho”. Ao ler essa mensagem, um integrante a resumiu numa sigla – VAT. No dia 23 de setembro de 2023, menos de duas semanas depois do primeiro vídeo sobre o tema, emergiu um movi­mento com nome e sigla: Vida Além do Trabalho (VAT).

Quatro dias depois da criação do VAT, Azevedo elaborou com o amigo João Fé­lix uma petição pública na internet, dirigida ao Congresso, pedindo o fim da jornada de trabalho de seis dias por semana. Em três dias, a petição foi assinada por 20 mil pessoas – hoje tem quase 3 milhões de assinaturas.

Com tanto barulho em torno de seu nome, Rick Azevedo não demo­rou a perceber que ele próprio poderia construir uma carreira na polí­tica. Em março de 2024, Azevedo se filiou ao Psol. “É um partido muito combativo”, diz ele. “Outro ponto crucial foi o fato de o Psol ter sido a única bancada que assinou de forma unânime a PEC pelo fim da escala 6 por 1.”

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Azevedo foi eleito no Rio de Janeiro com 29 364 votos, o maior número en­tre os candidatos do Psol que chegaram à Câmara dos Vereadores.

No dia 25 de fevereiro passado, a deputada Erika Hilton (Psol-SP) protocolou no Congresso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 8/2025, que prevê a adoção da carga semanal de quatro dias de trabalho e três dias de descanso. 

Assinantes da revista podem ler a íntegra da reportagem neste link.