Sambista Toninho Geraes sonha provar que Adele plagiou sua música de maior sucesso Foto: Reprodução/Instagram
Toninho Geraes contra a indústria
A história do sambista que acusa – e sonha provar – o plágio de Adele utilizando seu principal sucesso
Toninho Geraes tem um plano. Se ganhar a disputa judicial de Adele e provar que a canção Million Years Ago é de fato um plágio de Mulheres, uma composição sua dos anos 1990, o sambista não vai ficar com toda fortuna que deverá ser paga pela superstar inglesa por danos materiais. Diz que deseja apenas uma parte: 1 milhão de reais, referente aos danos morais.
O montante relativo aos prejuízos materiais – uma porcentagem calculada sobre execuções públicas, audições em streaming e vendas online e de discos físicos desde que o álbum de Adele foi lançado – será muito mais do que dez vezes esse valor. “Tem certeza disso?”, pergunta o repórter. “Tenho”, confirma Toninho à piauí. E para onde iria o dinheiro? “Para institutos e associações assistenciais que cuidam de mulheres que sofrem violência doméstica, mulheres trans, mães em situação de vulnerabilidade.” Já que as mulheres lhe deram o samba que mudou sua vida, afirma, ele quer fazer o mesmo por elas.
O cálculo que ele utiliza para vislumbrar a possível fortuna tem como base a repercussão do disco 25, lançado há uma década, que tem Million Years Ago e Hello: o trabalho foi indicado ao Grammy 2017 em cinco categorias e venceu todas, incluindo a de Álbum do Ano. Suas músicas ficaram em primeiro lugar em mais de 25 países. Só nos Estados Unidos foram 3 milhões de cópias vendidas apenas na semana de lançamento, um recorde. O último levantamento, de 2024, aponta que o projeto vendeu 22 milhões de cópias no mundo. O álbum com uma canção de Toninho Geraes que mais vendeu foi Tá Delícia, Tá Gostoso, de Martinho da Vila, em 1995: 1,5 milhão de cópias. Os ganhos de Adele com streaming, publicidade, possível uso da canção em trilhas de filmes ou seriados e shows ao vivo ainda teriam de ser calculados.
Em 2021, Toninho ouviu Million Years Ago e detectou algumas semelhanças com Mulheres. Para aplacar as dúvidas, contratou uma perícia especializada. A empresa constatou que a música estrangeira tinha quase 88% da melodia idêntica à do samba. Não era só sua percepção que apontava as semelhanças. Sem respostas, resolveu levar o caso aos tribunais.
A última etapa da disputa judicial se deu em 17 de dezembro de 2024. Toninho chorou e passou mal por duas vezes, tendo de ser retirado da sala por um tempo. Houve discussão acalorada entre as advogadas que representam as duas partes. Ao lado de Toninho Geraes estavam os advogados Fredímio Trotta e Deborah Sztajnberg. Pela gravadora Universal, responsável pela obra de Adele, Marcia Cunha, juíza entre 1992 e 2014 e ex – desembargadora do Rio de Janeiro. Gente grande e de muito argumento diante do juiz Victor Torres, da 6ª Vara Empresarial do Rio.
Era para ser uma audiência de conciliação e o pedido para sua realização havia sido feito, em caráter de urgência, pelos representantes da cantora. Mas, ao entrarem na sala, Toninho Geraes e seus advogados tiveram uma surpresa. Nem Adele nem o produtor Greg Kurstin iriam aparecer (a Justiça aceitou a participação por vídeo, o que também não ocorreu). Kurstin, 55 anos, só para rápidas credenciais, produziu o álbum Egypt Station, que Paul McCartney lançou em 2018, e trabalhou com estrelas como as cantoras Pink e Kelly Clarkson, além das bandas Foo Fighters e Twenty One Pilots. Sua fama de criador de hits fez até o ex-Oasis Liam Gallagher buscá-lo como parceiro em 2017.
As tentativas de contato com o produtor feitas pela piauí não tiveram resposta até a publicação desta reportagem. A advogada Marcia Cunha, da Universal, respondeu o e-mail, mas estava de férias. Ela encaminhou o pedido ao também advogado Mateus Aimoré Carreteiro, que escreveu: “Infelizmente a política do cliente é não comentar processos em andamento.”
Greg Kurstin é citado muitas vezes nas mais de 4 mil páginas do processo de Adele não apenas por ser coautor da canção entoada por ela, mas por pesquisar e admirar música brasileira há algum tempo, conforme comprovam alguns de seus posts nas redes sociais identificados pela acusação. É ele, para a acusação, o elo entre plagiado e plagiador que os juízes exigem quando vão analisar hoje um caso dessa natureza. Não basta haver a confirmação dos trechos suspeitos. É preciso que a acusação prove que o possível plagiador andou colocando a mão e os ouvidos na botija em algum momento. Esse alguém é Kurstin, segundo o processo. “A demonstração de que o suposto plagiador teve acesso prévio, de alguma maneira, à obra plagiada é um elemento importante na definição do plágio”, diz o advogado Juca Novaes, especialista na área e que prepara um livro sobre o tema para ser publicado em abril, em parceria com o também advogado Rodrigo Moraes.
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Logo no início da audiência, Deborah e Fredímio apontaram ao juiz um agravante. Segundo eles, a defensora da Universal apresentou uma procuração de representação do produtor e da cantora em que suas assinaturas eram falsas. O caldo entornou ainda mais: “Assim que percebemos isso, começamos o procedimento civil e criminal (contra a Universal) por fraude processual”, diz Deborah.
Quatro horas de audiência depois, o juiz determinou que o caso ficasse assim: uma nova perícia vai avaliar se, tecnicamente, uma canção é plágio da outra e entregar o resultado à Justiça. Enquanto isso, outras duas perícias, uma da Justiça e outra da polícia, vão apurar se houve falsificação nas assinaturas de Adele e Kurstin nas procurações apresentadas no tribunal, o que pode configurar a fraude. A Million Years Ago, de Adele, segue disponível nas plataformas digitais porque o juiz também acatou pedido da Universal e a manteve livre de sanções já que, até agora, nenhum martelo foi batido. “Mas já recorremos dessa decisão”, diz Deborah.
Toninho Geraes diz que, por ele, a canção tem mais é que continuar no streaming. “Retirar a música da Adele de lá nunca foi um pedido meu.” Seu pensamento pode não ter o belicismo do meio jurídico, mas tem sensibilidade. Ao pedir a exclusão de uma canção tão executada de Adele, ele pensa que daria dois tiros, um em cada pé. Os fãs da cantora o teriam eternamente como o algoz, um homem que canta Mulheres censurando uma mulher. E prejudicaria a arrecadação de um valor que, um dia, poderá ser seu (ou das mulheres às quais pretende destinar o que ganhar por danos materiais). Quanto mais Million Years Ago tocar e ajudar Adele a chegar aos 58 milhões de ouvintes mensais só no Spotify, mais milhões de reais virão no dia da grande partilha. Isso tudo, claro, se ele ganhar a contenda judicial.
A vitória contra Adele nos tribunais, se acontecer, não será o acontecimento mais excepcional na história de Toninho Geraes. Ainda criança, ele prometeu a si mesmo que, um dia, Martinho da Vila cantaria uma música sua. Depois de fazer um samba para o ídolo, escreveu uma carta de despedida para a mãe e se mandou da periferia de Belo Horizonte. Ignorou que só tinha 16 anos de idade e foi para a beira da estrada, esticou o polegar e esperou por uma carona. Três dias depois, chegou ao Rio de Janeiro. Dormiu nas ruas, lavou carros e foi flanelinha. Conta que morou em casa abandonada, foi assediado e roubado pela polícia, fez carreto em mansões de mulheres elegantes da Zona Sul (a cantora Simone foi uma delas) e descobriu o samba. Ou vice-versa.
Por partes: a infância mineira de Toninho Geraes foi vivida no bairro Progresso, em uma casinha da premonitória Rua Carioca. Eram ele, a mãe e sete irmãos, todos trabalhando para compensar a falta do pai. Toninho, uma redução afetuosa do aristocrático Antônio Eustáquio Trindade Ribeiro, vendia bilhete de loteria rezando para um cliente tirar o número premiado. Assim, ele também ganharia alguma coisa. Dias depois de passar em frente ao Teatro Francisco Nunes, o Municipal de Belo Horizonte, e imaginar-se cantando lá dentro, vendeu o nº 23880 10º 20º para um dentista. O comprador ganhou uma vistosa Caravan, um carrão da Chevrolet popular nos anos 1980, e a comissão foi o suficiente para o menino comprar uma geladeira para a mãe.
Ainda em BH, Toninho se apaixonou pelo som de um grupo do barbeiro do bairro chamado Tonico e Seus Chicletes. Isso na mesma época em que já ouvia todos os programas apresentados pela lenda mineira Acir Antão, na antiga Rádio Jornal. O desejo de ver Martinho da Vila, seu grande ídolo, cantando uma música sua não lhe saía da cabeça. Com esse objetivo, apanhou o violão, colocou algumas roupas em uma sacola e escreveu um bilhete: “Mãe, vou para o Rio de Janeiro atrás do meu sonho. Ainda não sei onde vou ficar.”
Ele não conhecia o Rio nem sabia onde era Vila Isabel, bairro que consagrou Martinho, mas sabia que queria ficar em Ipanema. “A gente via pela tevê que era um lugar de gente famosa. E outra: já que eu iria dormir nas ruas, que pelo menos pudesse escolher o bairro.” Passou a primeira noite nas pedras do Arpoador e, na manhã seguinte, foi lavar o rosto na água do mar. Sentiu o sal queimar os olhos. “Não sabia que era tão salgada.”
Começou a cobrar gorjeta para olhar carros estacionados na orla e a pedir ajuda para comer. Mas, em anos de hiperinflação, ganhava um punhado de moedas sem valor. O violão e a sacolinha com roupas eram seus únicos bens. Um policial gostou do instrumento e pediu a Toninho para ver a nota fiscal. Não havia, claro, e o militar levou o violão. Só restava a sacolinha de roupas. Toninho a enterrou na areia para tomar banho de mar e usou a barraca de praia de uma família como ponto de referência. Ao sair do mar, a família havia ido embora. Sem referência, teria de escavar toda a areia do Posto 7 para encontrar a sacola. Desistiu. Não lhe restou nada. E foi do nada que tudo começou a sair.
Sozinho em Ipanema, só com a roupa do corpo, ele criou seus primeiros versos em território carioca. Sem lápis para escrevê-los, guardou tudo tão no fundo da memória que os declama até hoje. Os versos, que lembram os sambas-canção dos anos 1950, nunca foram musicados: “Como faço, meu senhor, como faço / do meu sapato me sobrou só o cadarço / com o cadarço amarrei as minhas calças / e minhas calças usei como cobertor / do cobertor eu fiz lona pro barraco / E do barraco eu não sou morador.”
A realidade era um pouco pior. Toninho morou não em barraco, mas no quintal de uma casa abandonada na Rua Vinicius de Moraes. Mesmo dormindo sobre papelão, a sensação de estar entre muros lhe garantia uma segurança maior do que as praças e as calçadas. Mas ele não estava só. Um rapaz mais velho intitulado Federal já dominava aquele território e, aparentemente, o trataria bem. “Fique só você, não chame mais ninguém”, pediu o colega. Certa noite, Federal tentou assediá-lo enquanto ele dormia. Toninho acordou furioso: “No dia em que você tentar passar a mão em mim de novo, eu vou esquecer quem sou eu.” O parceiro repetiu o assédio. Na noite seguinte, Toninho apanhou um pedregulho em uma caçamba, o segurou sobre a cabeça de Federal e gritou para acordá-lo: “Tá vendo como é fácil acabar com a sua vida? Quem está desprotegido agora?” A pedra foi arremessada para o lado e Federal nunca mais tentou nada.
Dona Maria Trindade Ribeiro, mãe de Toninho, veio de Minas farejando o filho pelo instinto. Ao descobri-lo ao relento, tentou levá-lo de volta, mas o garoto disse não. Só voltaria depois de fazer o que deveria ser feito no Rio. Ela se foi e o menino seguiu só. Um tempo depois, Toninho conheceu Roque Baiano, da favela do Vidigal, um homem que trabalhava fazendo carretos em sua Kombi para famílias da Zona Sul. Toninho se tornou seu ajudante.
Certo dia, a cantora Simone pediu a Roque que fosse retirar um armário em sua casa para levá-lo a outro endereço. “Não vai ficar mostrando esses seus sambas pra Simone que ela não vai gostar”, alertou o chefe. Toninho, que já tinha um punhado de sambas, obedeceu, até porque nem soube o que dizer quando entrou no apartamento de Simone. “Era tudo branco, fiquei impressionado. Eu tremia só de ver aquela mulher.” Mais de duas décadas depois, em 1997, Simone cantou Mulheres no espetáculo Brasil – O Show, apresentado no Palace, em São Paulo. Ela nunca soube dessa história, até agora: “Meu Deus, o mundo é mesmo uma ervilha”, diz Simone à piauí. “Mande um beijo a ele, diga que foi maravilhoso cantar Mulheres naquele tempo. Estou torcendo para que ele ganhe esse processo.”
Roque tirou Toninho das ruas. Além de lhe dar emprego, passou a dividir com o aprendiz as marmitas que sua namorada, Gracinha, enviava todos os dias. “Sei que as coisas para ele melhoraram, mas se esse meu filho aí precisar de mim de novo, é só chamar”, diz hoje o homem de 87 anos, casado com a mesma Gracinha e ainda rodando com sua Kombi pelas ruas do Rio. Roque cuidava também de um bloco de carnaval chamado Unidos da Barão. Toninho o ajudava limpando instrumentos e o atrapalhava tentando tocá-los. De qualquer forma, o samba foi chegando.
Ao ir a uma conhecida reunião de sambistas no Botequim do Império, em Madureira, Zona Norte do Rio, onde alguns compositores muito considerados, como Ney Vianna e Jovelina Pérola Negra, podiam dar canja, o garoto Toninho pediu para cantar alguns sambas seus, mas o organizador, Mestre Natalino, não deixou porque ele estava de bermuda. Ao ver outro sambista usando bermuda enquanto cantava, Toninho insistiu. E Natalino respondeu: “Garoto, canta só duas. Se passar disso, nunca mais te chamo.”
Foi o bastante. Jorge Airola, então diretor-chefe do departamento de divulgação nacional da EMI Odeon, estava na roda. Dali, Toninho foi levado para a gravadora. Havia um LP sendo preparado: Na Aba do Pagode, com a participação de vários sambistas novos. Era o que chamavam na época de “pau de sebo”, não por acaso, o nome da brincadeira que consiste em trepar em um tronco escorregadio. Quem chega ao topo ganha a recompensa. Toninho chegou ao topo com seu samba Partido Remendado. Como recompensa pelo sucesso nas rádios, lançou seu primeiro disco solo, Chances Iguais, em 1987. Sua aparição no programa de tevê Cassino do Chacrinha fez a mãe, Dona Maria, encher-se de orgulho. “Toninho Geraes é o meu filho”, dizia para a vizinhança.
Depois da estreia, seu primeiro hit nacional aconteceu em 1991, quando Agepê gravou Me Leva – feita com Serginho Beagá. Zeca Pagodinho lançou Seu Balancê (parceria com Paulinho Resende), Uma Prova de Amor e Pago Pra Ver (as duas com Nelson Rufino) nos anos seguintes. Mas ainda faltava um estouro que o colocasse junto à realeza dos compositores. Agepê gostou do que ouviu quando Toninho cantou os versos de Mulheres em um churrasco e pediu “guarda essa para mim”. “Para quê, Agepê? Para você não fazer nada com ela?”, respondeu Toninho. Agepê já não ia mais aos programas de tevê e fazia poucos shows, prejudicado pelo consumo excessivo de álcool. Uma úlcera gástrica crônica agravada por complicações de diabetes o levou à morte em 1995.
Dias depois do churrasco, Toninho viu Martinho da Vila quieto, solitário, tomando uma cerveja em um botequim de Vila Isabel. Sabia que seria inconveniente e que suas palavras sairiam trêmulas, mas entendeu que tinha um bom motivo. O diálogo que se deu entre os dois é um tanto cifrado para quem não é do subúrbio carioca.
– Toninho: Martinho, eu sei que tu tá aí a fim de ficar sozinho.
– Martinho: Taí, gostei, é isso.
– Toninho: De relógio. Três minutos?
– Martinho: Falaí.
– Toninho: Eu tenho umas músicas, queria te mostrar.
– Martinho: Você deu sorte. Esse ano vou fazer um disco com repertório aberto. Deixa uma fita cassete com a canção lá no meu escritório.
Toninho fez a fita com três faixas gravadas, só ele cantando e tocando cavaquinho. Avisado pelo produtor Rildo Hora, soube que Martinho não queria gravar sambas românticos, “daqueles que Agepê andava cantando”. Colocou na fita um samba de roda, um partido alto e, por último, a romântica Mulheres. Martinho ouviu o terceiro samba e não gostou. “Achei a letra muito, assim, de um cara que pega todas as mulheres e sempre se dá bem”, contou à piauí. Depois, decidiu gravá-lo, mas com uma mudança no final. “Coloquei aquela parte do ‘procurei em todas as mulheres a felicidade, mas não encontrei e fiquei na saudade’”.
Toninho, hoje com 62 anos, conta que Martinho, 86, pode ter feito confusão. As partes que seu ídolo relata ter mudado foram, segundo o compositor, outras duas. A primeira é quando a letra diz “pra outras apenas um pouco me dei”. O original, feito por Toninho, era “pra outras apenas um beijo eu dei”. E a segunda mudança feita por Martinho foi no verso “você é o sol da minha vida, a minha vontade”. A criação de Toninho dizia: “você é o sol da minha vida, a minha metade”.
Dúvidas à parte, Mulheres foi lançada no álbum Tá Delícia, Tá Gostoso, de Martinho da Vila, em 1995. O sucesso da canção fez o trabalho vender 1,5 milhão de cópias – número dez vezes maior que o álbum anterior, Ao Rio de Janeiro, de 1994. Toninho recebeu um dinheiro que jamais teve na vida, suficiente para comprar dois apartamentos, um em São Paulo e outro no Rio.
Ao ouvir Adele cantando Million Years Ago pela primeira vez no rádio, Martinho da Vila pensou se tratar de uma versão gringa de Mulheres: “Eu gostei muito do que ela fez com a música.” Se ele acredita que Toninho vai vencê-la nos tribunais? O homem que inspirou Toninho Geraes a desafiar o mundo para ser sambista dá uma resposta que só poderia ser de Martinho da Vila: “É difícil. Isso é processo que vai lento, devagar, para a vida toda.” Assim como o samba.