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Um fragmento de Santa Bernadete

Nas primeiras décadas do século XX foram canonizadas três freiras francesas que passaram imediatamente a fazer parte do grupo de santos católicos mais populares e venerados em todo o mundo: Santa Terezinha do Menino Jesus, Santa Catarina Labouré e Santa Bernadete. A primeira é lembrada por sua vocação precoce e sua morte aos 24 anos, após dez de vida religiosa. A segunda foi testemunha de aparições da Virgem Maria em Paris, que lhe indicou o modelo da hoje chamada" medalha milagrosa."

| 19 fev 2014_16h32
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Nas primeiras décadas do século XX foram canonizadas três freiras francesas que passaram imediatamente a fazer parte do grupo de santos católicos mais populares e venerados em todo o mundo: Santa Terezinha do Menino Jesus, Santa Catarina Labouré e Santa Bernadete. A primeira é lembrada por sua vocação precoce e sua morte aos 24 anos, após dez de vida religiosa. A segunda foi testemunha de aparições da Virgem Maria em Paris, que lhe indicou o modelo da hoje chamada "medalha milagrosa."

A terceira, Santa Bernadete, é talvez a mais conhecida. Foi certamente a menos letrada das três, mas transformou a cidade de Lourdes, no sul da França, num centro de peregrinação católica que só é rivalizado na Europa pela cidade de Fátima, em Portugal. Lá também ocorreram no início do século XX aparições da Virgem Maria, tais como as que a menina Bernadete Soubirous presenciara 60 anos mais cedo.

A história de Bernadete foi contada em inúmeros livros e mostrada em filmes que ajudaram a popularizá-la no decorrer do século passado. É de fato comovente a trajetória da adolescente de 14 anos, paupérrima, analfabeta, que teve a maior dificuldade para convencer as autoridades eclesiásticas que de fato havia testemunhado dezoito aparições da Virgem Maria.

Tornou-se freira aos 23 anos e também morreu cedo, aos 35, após doze anos de convento. Seu enterro trouxe uma multidão a Lourdes e Bernadete foi venerada como santa muitas décadas antes de sua canonização, que ocorreu em 1933, cinquenta e quatro anos após sua morte e após a comprovação de vários milagres que lhe foram atribuídos. O culto a Bernadete é hoje generalizado e trata-se, sem dúvida, de uma das santas do século XIX de maior devoção em todo o mundo católico.

Bernadete aprendeu a ler já quase adulta e naturalmente só teve oportunidade de escrever muito poucas cartas durante sua vida, apenas as que foi obrigada a redigir com o testemunho das aparições, pois não teve vida social nem correspondentes regulares. Assinou muito poucos documentos, somente alguns formulários, durante seu tempo de convento. É provavelmente de um desses papéis que foi recortada a assinatura mostrada nesta página.

Os autógrafos de Bernadete são naturalmente raríssimos, e há registro de apenas uma carta sua vendida nos últimos 70 anos. Este fragmento com sua assinatura colada num cartão foi obtido pelo estadista francês Edouard Herriot, primeiro ministro da França em 1924, que formou por várias décadas uma interessante coleção de cartas e documentos históricos.

Autógrafos de santos são muitas vezes equiparados a relíquias e, apesar da maior parte dos colecionadores sérios não valorizar simples assinaturas recortadas, que mostram apenas que o personagem sabia escrever o seu nome, no caso de Santa Bernadete uma assinatura recortada é praticamente o único escrito em sua letra que se pode esperar um dia encontrar. Torna-se assim uma peça desejável, apesar de ser apenas um fragmento e não ter conteúdo, com o interesse adicional de ter pertencido à coleção Herriot.

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