Um fragmento do discurso amoroso de Barthes
O francês Roland Barthes foi sem dúvida um dos pensadores mais influentes da segunda metade do século XX. Fez escola no Brasil e seus discípulos foram particularmente ativos. Sua presença em inúmeros trabalhos acadêmicos faz-se sentir até hoje, quase trinta e cinco anos após sua morte. Barthes também era um notável desenhista. A carta ao lado (foto) foi enviada, em 1975, pelo filósofo ao então namorado como pedido de reconciliação.
O francês Roland Barthes foi sem dúvida um dos pensadores mais influentes da segunda metade do século XX. Fez escola no Brasil e seus discípulos foram particularmente ativos. Sua presença em inúmeros trabalhos acadêmicos faz-se sentir até hoje, quase trinta e cinco anos após sua morte. Barthes era um homem secreto e resguardava zelosamente sua intimidade. Morreu antes do tempo, atropelado aos 64 anos, deixando órfãos inúmeros alunos e admiradores.
Um aspecto menos conhecido do talento de Barthes é o de notável desenhista: o filosofo francês desenvolveu um estilo próprio de desenhos abstratos com lápis de cor, que só expôs uma vez, mas que costumava presentear aos amigos. A mensagem desenhada reproduzida nesta página é particularmente íntima e comovente. Após uma discussão séria com seu namorado, em 1975, Barthes, então com 60 anos, manda-lhe esta carta ilustrada numa tentativa de reconciliação.
O desenho é belíssimo e logo abaixo Barthes escreve: “[Este desenho], porque não vou te ver durante dois dias, porque meu coração está cheio de coisas para te dizer, coisas que não sei dizer, que não ouso te dizer, mas que são ditas através destas poucas linhas coloridas: que tudo volte a ser como antes: estonteante, (tudo isso quer dizer: me perdoa)”.
As cartas de amor e mensagens pessoais de grandes figuras só vêm geralmente à tona várias décadas após sua morte, quando os documentos preservados pelos amantes, ou mesmo por seus descendentes, deixam de ser atuais e começam a fazer parte da história.
Esta carta tocante foi presenteada pelo amigo de Barthes a seu atual detentor, num gesto generoso que permite sua divulgação num momento em que muitos contemporâneos ainda estão vivos.
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