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Um selfie pré-histórico

Allen Ginsberg também gostava de fotografia: comprou um aparelho por 13 dólares em 1953 e clicou todo o mundo que o cercava até o início dos anos 70. Suas fotos são hoje muito apreciadas e Ginsberg, consciente do interesse que suas imagens poderiam suscitar, reeditou muitas delas nos anos 1990, sobretudo retratos de seus amigos também escritores como Jack Kerouac ou William Burroughs, com comentários manuscritos na margem inferior.

A foto reproduzida nesta página é um documento raro. Muito pouco reproduzida, foi feita na Austrália no topo da famosa montanha chamada Ayers Rock e pode ser considerada um antepassado do hoje muito popular selfie.

| 10 jul 2014_18h18
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Allen Ginsberg é lembrado como o principal poeta da chamada geração Beat dos Estados Unidos.

Seu poema (Uivo), publicado em 1955, quando Ginsberg tinha 29 anos, é emblemático de toda uma época e entusiasmou milhares de leitores famosos e anônimos.

Homossexual assumido, Ginsberg viveu mais de trinta anos com seu companheiro Peter Orlovsky com quem posou nu várias vezes, causando certo escândalo nos anos 1960 e 1970. Pouco ou nada do que Ginsberg fez escandalizaria hoje, mas sua obra tem qualidade suficiente para mantê-lo entre os melhores poetas americanos da segunda metade do século XX.

Ginsberg também gostava de fotografia: comprou um aparelho por 13 dólares em 1953 e clicou todo o mundo que o cercava até o início dos anos 70. Suas fotos são hoje muito apreciadas e Ginsberg, consciente do interesse que suas imagens poderiam suscitar, reeditou muitas delas nos anos 1990, sobretudo retratos de seus amigos também escritores como Jack Kerouac ou William Burroughs, com comentários manuscritos na margem inferior.

A foto reproduzida nesta página é um documento raro. Muito pouco reproduzida, foi feita na Austrália no topo da famosa montanha chamada Ayers Rock e pode ser considerada um antepassado do hoje muito popular selfie.

Não eram comuns há mais de 40 anos esses autorretratos realizados com máquinas portáteis, ainda que já fossem leves o suficiente para permitir facilmente esse exercício. Não se chamavam naturalmente ainda de selfies, mas podiam ser caracterizados como "autorretratos a distância de um braço" como o faz Ginsberg ao escrever na legenda desta imagem, tirada em 24 de março de 1971 e intitulá-la "Topo da pedra Ayers, autorretrato a distância de um braço”.

Este trabalho de Ginsberg, valorizado entre colecionadores de fotografia, foi guardado numa coleção privada americana por três décadas e só recentemente sua associação com a nova prática do selfie, que rapidamente tornou-se universal, trouxe para esta imagem um significado ampliado.

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