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    Rinaldo Seixas em culto da Bola de Neve. Foto__Reprodução/Instagram

vultos da religião

“Uma reviravolta surpreendente”: como Denise Seixas chegou à presidência da Bola de Neve

Afastada da igreja após acusar Rinaldo Seixas, seu ex-marido, de agredi-la verbal e fisicamente, ela consegue vitória na justiça para liderar congregação

Marcos Candido, de São Paulo | 18 dez 2024_15h58
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O pastor Rinaldo Seixas, criador da Igreja Bola de Neve, morreu no dia 17 de novembro, aos 52 anos. Ele voltava de um encontro do motoclube cristão Pregadores do Asfalto quando perdeu o controle da Harley Davidson que conduzia. Durante o velório, na sede da igreja no bairro da Lapa, Zona Oeste de São Paulo, foram organizadas carreatas pelos discípulos, que o chamavam de A.P., uma sigla para apóstolo. 

Nas duas décadas anteriores, ele havia controlado a instituição com rigor, conquistando adoração e críticas por seus métodos, e a alçado a uma das maiores e mais influentes congregações cristãs do país. Em meio ao choque por sua morte rápida depois do acidente logo começou a se espalhar uma pergunta: quem será o seu substituto à frente da Bola de Neve?

O acidente acelerou uma disputa iniciada há alguns meses em torno do comando da Igreja. Para solucionar uma crise de imagem que atinge a instituição, Rina apresentou, pouco antes de morrer, soluções possíveis ao Conselho da Bola de Neve, um grupo de pastores e diretores próximos ao fundador. Cogitou reformulá-la com outro nome ou, em uma atitude mais drástica, abdicar da estrutura atual de 560 templos espalhados em 34 países. Nenhuma das propostas avançou.

Outro assunto que Rina costurava nos bastidores pouco antes de morrer era o seu divórcio com Denise. A intenção era fazer algo sem estardalhaço, já que ela também era vice-presidente da igreja, cargo que ocupava desde junho de 2016. Caso a separação fosse consumada, ela deixaria o cargo. A morte repentina, no entanto, alterou seus planos, e Denise entrou na briga para assumir o comando da Bola de Neve.

A contenda foi parar no Tribunal de Justiça de São Paulo. Membros do conselho da Bola de Neve – um colegiado de pastores que eram próximos a Rina – sustentam que Denise renunciou ao cargo de vice-presidente em agosto de 2024. Após a morte de Rina, o pastor Fábio Seixas, apoiado pelo diretor financeiro Everton Cesar Ribeiro, estava de olho na presidência.  Os advogados de Denise alegam que o acordo, assim como o divórcio, não foram homologados e, segundo o estatuto da igreja, ela assumiria o cargo no caso da morte do líder. 

Na semana passada, a justiça paulista deu razão aos argumentos da defesa de Denise. O juiz Fábio Evangelista de Moura alegou que o processo de divórcio não estava homologado e que a morte de Rina fez com que o processo fosse “julgado extinto e sem resolução do mérito”. Os advogados da Bola de Neve vão recorrer da decisão e a briga deve continuar.

Um ex-conselheiro ouvido pela piauí sob condição de anonimato afirmou que a decisão judicial que concedeu a vitória a Denise é uma reviravolta surpreendente na história dela com o agora ex-marido e também com a instituição. 

A avaliação decorre da crise que assola a igreja desde abril do ano passado, quando Denise acusou Rina de agredi-la verbal e fisicamente. As revelações suscitaram denúncias de outros ex-fiéis, descontentes com as abordagens dos pastores da Bola de Neve. Homofobia, machismo e assédio sexual são algumas da imputações descritas.

Ao longo de cinco meses, entre agosto e dezembro, a piauí entrevistou integrantes e ex-integrantes para mapear esses conflitos. Assinantes da piauí podem ler a reportagem na íntegra neste link.

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