Joesley Batista, em Brasília: o empenho da J&F para mudar a legislação sobre a arbitragem, depois que sofreu uma derrota de 3 a 0 para a Paper, se assemelha, nas palavras de um observador, a “tocar fogo no açougue só para assar um bife” CRÉDITO: ADRIANO MACHADO_REUTERS_2017
A volta dos irmãos Batista
Os bastidores obscuros da disputa dos donos da JBS com a Paper Excellence
Os irmãos Joesley e Wesley Batista estão de volta ao jogo pesado dos negócios, mais uma vez implicando em suas disputas empresariais o meio político, o governo federal, o Supremo Tribunal Federal (STF), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), juízes, árbitros e uma penca de advogados – desde o ex-presidente Michel Temer até Cristiano Zanin, o defensor de Lula que chegou ao STF, passando por Frederick Wassef, que advogou para Jair Bolsonaro.
Durante cinco meses, a piauí investigou um conflito que se arrasta por quase seis anos, envolvendo a Eldorado Brasil, companhia da holding J&F, da família Batista e uma das maiores fabricantes de papel e celulose do país, e a Paper Excellence, que pertence ao poderoso conglomerado indonésio Sinar Mas. É a maior disputa corporativa travada no Brasil, com valores que esbarram nos 15 bilhões de reais.
São dois grupos habituados a navegar em águas turvas. A J&F já passou por todo tipo de investigações e escândalos. O seu acordo de leniência pelas práticas ilegais ultrapassou 10 bilhões de reais. Sete executivos da J&F fizeram acordos de colaboração premiada e assumiram multas que somavam 225 milhões de reais. Joesley Batista foi preso duas vezes. Wesley Batista, seu irmão, passou cinco meses na cadeia sob acusação de traficar informação privilegiada.
O Sinar Mas tem um histórico de destruidor do meio ambiente mundo afora. Em razão das más práticas florestais, a Asia Pulp & Paper (APP), uma de suas subsidiárias, perdeu o certificado emitido pelo Forest Stewardship Council, com sede na Alemanha, que atesta o manejo florestal responsável. A própria Paper Excellence vem sofrendo queixas no Canadá, onde hoje é líder em papel e celulose. Ativistas reivindicam que a empresa, em decorrência de seus laços com a APP, seja também subtraída do certificado.
A J&F negociou a venda da Eldorado à Paper Excellence em 2017. No ano seguinte, porém, divergências levaram o caso para uma câmara de arbitragem. O resultado não foi favorável à empresa dos irmãos Batista, que não se conformaram e recorreram a partir de então uma série de medidas para inviabilizar o negócio, alegando inclusive terem recebido ameaças de morte e sido alvo de espionagem cibernética, conta Breno Pires na edição deste mês da revista. O litígio chegou a um ponto de fervura quando a Paper Excellence chamou a OAB de “fantoche” dos irmãos Batista.
Mais recentemente, em vista dos milhares de hectares ocupados pela Eldorado em Mato Grosso do Sul, a J&F espera que uma lei que disciplina a compra e arrendamento de terras rurais por estrangeiros resulte na anulação do contrato com a Paper Excellence. O caso ainda será julgado. Outros processos movidos pelos irmãos Batista também aguardam julgamento.
São capítulos do litígio entre a Paper Excellence e os Batista, que envolve cifras bilionárias, espionagem, ameaça de morte, golpes e contragolpes, orgulho, ganância e até questões de soberania nacional.
Os assinantes da piauí podem ler a íntegra da reportagem aqui.
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