Nenhum dirigente do PSB havia trocado uma palavra com Marina nas 24 horas que sucederam a morte de Campos. Poucos dias depois, as pesquisas já apontavam como favorita à Presidência FOTO: NELSON ANTOINE_FOTOARENA_2013
O PSB na Rede
Como o partido de Eduardo Campos digeriu a candidatura de Marina
Malu Delgado | Edição 96, Setembro 2014
No comecinho de noite da quinta-feira, 14 de agosto, um grupo restrito de políticos do PSB se encontrou no restaurante do hotel Green Place Flat, no bairro paulistano da Vila Mariana. Foram chegando aos poucos, de vários cantos do país, depois de terem recebido, menos de trinta horas antes, a notícia da queda, em Santos, do jato Cessn Citation 560 XLS que matou seu líder e candidato à Presidência, Eduardo Campos, além de outras seis vítimas – quatro das quais atuavam na campanha presidencial.
Entrei no salão e observei os políticos sentados ao redor de cinco mesas. Era a única jornalista no local. Quase todos estavam de preto, em trajes formais; alguns vestiam sobretudo para enfrentar a noite gélida. As poucas mulheres trajavam tons sóbrios que a ocasião exigia. Naquele momento, não havia nenhum clima para abordar os rumos que iriam tomar, embora fosse flagrante a confabulação sobre o inevitável: dariam a cabeça da chapa para Marina Silva – até então candidata a vice – disputar a Presidência?
Na televisão sem som, ligada num canal de notícias 24 horas, não havia outro assunto que não a tragédia. “A imprensa está dizendo que estamos reunidos discutindo o sucessor do Eduardo. A reunião é isso aí que você está vendo”, repetia, abatido e com a barba por fazer, o deputado federal Júlio Delgado, do PSB mineiro, enquanto tomava uma sopa de legumes. Um colega de partido, ao se despedir dele, aconselhou: “Por favor, faça essa barba.” O deputado gaúcho Beto Albuquerque, que dias depois seria oficializado vice na chapa do PSB, não conseguiu quarto naquele endereço que se transformara num bunker dos socialistas. De um outro hotel, ligou para Júlio Delgado, convidando-o para comer alguma coisa mais à noite, mas deu um ultimato: “Sopa de legumes, nem pensar.”
Sem tirar os olhos da tela da tevê, Leila Queiroz, mulher do governador de Pernambuco, João Lyra Neto, não parava de chorar. Os dirigentes do PSB, desorientados, abraçavam-se. Não havia ata, ninguém pedia a palavra. Mas os movimentos, ainda que desalentados, e as conjecturas, ainda que sussurradas, já indicavam um PSB fragmentado e totalmente sem chão. Roberto Amaral – que após a morte de Campos se outorgou o cargo de presidente da legenda – chegou mais tarde ao hotel naquela noite e pediu um vinho chileno San Pedro 1865, Reserva Carménère. Sentados a sua mesa estavam Márcio França, vice na chapa de Geraldo Alckmin em São Paulo e secretário nacional de Finanças do PSB, e a senadora Lídice da Mata, antiga aliada do PT que concorre ao governo da Bahia. Era a mesa meio-petista, meio-tucana do partido, que não advogava a candidatura automática de Marina Silva. A turma de Pernambuco, espalhada por outras três mesas, defendia um vice do estado. A família de Campos já havia se pronunciado que era Marina quem deveria substituir Eduardo.
O grupo contrário à candidatura de Marina externava uma preocupação: se ela chegar à Presidência, não será uma vitória do partido, nem ela arregimentará um número expressivo de pessebistas para o governo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva surgiu na tela da tevê e a turminha ao lado de Amaral pediu que aumentassem o som. Minutos depois, o noticiário continuava mostrando repetidas cenas do acidente, entremeadas por comentários sobre o futuro do país. Exausto, “doutor Roberto” deu uma patrulhada à la Brizola: “Vamos ficar vendo a Globo agora?” Naquele dia, conforme relatou a aliados, ele já havia conversado por telefone com Dilma Rousseff, com Lula e trocara ideias até com José Dirceu, que está na cadeia. Dias depois, o novo presidente do PSB me contou sobre a conversa com Lula: “Do ponto de vista político, um telefonema republicano; do ponto de vista afetivo, uma conversa emocionada, interrompida por soluços.”
No dia em que o presidenciável morreu, Júlio Delgado, Beto Albuquerque, Paulo Câmara – o candidato escolhido por Campos para disputar o governo de Pernambuco – e o ex-ministro Fernando Bezerra ficaram no Instituto Médico Legal de São Paulo até perto da meia-noite, quando os técnicos começariam a identificar os restos mortais das sete vítimas. Como não haviam comido nada naquele dia, chegaram ao hotel famintos. O restaurante estava fechado. Delgado encarregou o mensageiro de comprar “qualquer coisa” na rua. A iguaria disponível era um sanduíche frio do Habib’s, que o empregado entregou no quarto do parlamentar. Quando desceu, o rapaz chorava. Os colegas da recepção perguntaram-lhe o que tinha ocorrido: o deputado estava em prantos no momento em que abriu a porta para receber o pedido, e o portador acabou contaminado pela emoção.
Até a noite de quinta-feira, dia 14, aproximadamente 100 quilos de material, dispostos em dez sacos enormes, foram encaminhados ao IML de São Paulo para perícia e codificação genética. O empenho do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), foi reconhecido por todas as correntes do PSB, mesmo pelos órfãos petistas. O tucano foi várias vezes ao IML e telefonava constantemente ao governador de Pernambuco, com informações. Quando detalhou as primeiras conversas que teve após a morte de Campos, Roberto Amaral me disse não ter recebido “nenhuma manifestação de próceres do PSDB”. “Ressalvo, porém, a forma digna e dedicada como fomos tratados pelo governador Geraldo Alckmin. Seremos sempre gratos.”
Marina Silva amanheceu candidata do PSB à Presidência no sábado, antes mesmo de enterrar Eduardo Campos. Era tudo o que ela não queria, mas foi um processo avassalador, impossível de ser controlado. O bunker socialista, que a imprensa acabou descobrindo na sexta-feira, queria fechar logo as contas do hotel e partir para Pernambuco. “Está difícil pra cacete. Precisamos acabar com isso logo”, desabafou o deputado Júlio Delgado, exausto de idas e vindas ao IML para acompanhar o reconhecimento dos restos mortais. “O senhor quer ajuda com a bagagem ou ainda está só com aquela mochilinha do dia em que chegou?”, indagou o recepcionista, dividindo certa intimidade com o deputado.
A distância entre a provável candidata e o PSB revelava-se abismal: nenhum dirigente do partido havia trocado uma palavra com ela nas 24 horas que sucederam a morte de Campos. Marina deu a primeira declaração em Santos, na própria quarta-feira do acidente. Naquele dia, sua pressão arterial subiu e ela foi medicada. A partir desse momento, a ex-ministra isolou-se e aguardou os movimentos do PSB. Beto Albuquerque a visitou no dia seguinte: “Ela estava muito abalada, eu lhe disse para começar a pensar que o encargo certamente iria para ela.” Acostumados a seu silêncio reflexivo e seu modo de agir, os mais próximos nada cobraram. Marina só viria a falar de fato como candidata uma semana depois, já respaldada pela legenda.
A mulher que assumiria a candidatura à Presidência pelo PSB pertenceu por 23 anos ao PT e ficou pouco menos de dois anos no PV. O ingresso no PSB só ocorreu há onze meses, quando se viu impossibilitada de criar seu partido, o Rede Sustentabilidade, a tempo de disputar a Presidência. A morte de Campos escancarou o quanto o PSB ainda não havia digerido a união com Marina. “Somente o Eduardo tinha a clareza profunda do passo que estava dando”, disse-me nove dias depois do acidente Walter Feldman, agora coordenador da campanha de Marina. Bastaram algumas horas e as manchetes dos jornais para o PSB se dar conta de que não tinha para onde correr. O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, telefonou a amigos no dia seguinte ao acidente, alertando-os da tremenda estupidez política e eleitoral que seria impedir Marina de sair candidata: “A sociedade verá o PSB como um algoz.”
Na sexta-feira, dia 15 de agosto, Roberto Amaral foi obrigado a procurar Marina. Levou consigo a deputada Luiza Erundina e o secretário nacional do PSB, Carlos Siqueira. A ideia inicial era apresentar Erundina como candidata do partido. A parceria Erundina–Marina provocou um ti-ti-ti: “O defensor da bomba atômica está propondo a dobradinha Hiroshima–Nagasaki”, brincaram alguns dirigentes do PSB. Aludiam a uma antiga proposta de Amaral, que – quando ministro de Ciência e Tecnologia do governo Lula – defendia que o Brasil detivesse conhecimentos tecnológicos para a produção da bomba atômica.
“O desejo da candidatura dela era majoritário, mas é óbvio que não era natural”, disse-me Feldman durante um café da manhã em Brasília. Feldman participou da primeira conversa institucional do PSB com a candidata, em Brasília. A companheira de chapa de Eduardo Campos manifestou seu incômodo com as especulações de que o partido já discutia o sucessor antes mesmo do sepultamento do presidenciável. Amaral prometeu que as consultas formais só ocorreriam após o enterro, na segunda-feira, 18 de agosto. “O PSB me abrigou e eu não vou deixar de abrigar o PSB”, limitou-se a dizer a ex-petista. A mídia interpretou o encontro como um aval de Marina ao dirigente para que a legenda levasse adiante sua candidatura presidencial.
Ao sair da casa de Marina, Amaral convocou os correligionários para uma reunião informal naquela noite. Foram mais de quatro horas no muro de lamentações. Os avessos à candidatura da líder ambientalista pregavam ser necessário que ela sinalizasse ao partido e à sociedade que não assumiria postura radical caso fosse eleita. Era preciso dizer a Marina, com todas as letras, quem é que estava no comando. A candidata teria de reconhecer a legitimidade da política – dos partidos, do Congresso –, comprometer-se com a ortodoxia econômica, honrar compromissos partidários, emprestar sua imagem aos candidatos, sobretudo aos que disputavam uma vaga na Câmara.
Surgiu a ideia de Marina subscrever uma segunda Carta ao Povo Brasileiro – a primeira havia sido feita por Lula em 2002, quando o mercado financeiro se agitava diante de uma iminente vitória do petista. Dias depois, porém, os “marineiros” já descartavam a necessidade de a candidata reeditar o gesto petista. Nomes de vices já circulavam e era evidente a articulação de diferentes grupos do PSB para emplacar seus favoritos. Discutiu-se como coordenar a campanha, como fiscalizar as finanças, quem ficaria no comando. E o dilema principal: quem seria o elo entre o PSB e o grupo da Rede, já que a união sobrevivia graças ao empenho pessoal de Campos. Até mesmo certo aspecto perdulário dos integrantes da Rede foi debatido nos bastidores do PSB. “Gastam demais sem se preocupar em como pagar depois”, confidenciou-me um integrante do diretório nacional. Corria no PSB a informação de que os assessores são muito bem pagos, ao contrário do que havia sido ventilado – de que muitos seriam voluntários.
A segunda parte da reunião, que se estendeu pela madrugada de sábado, tratou de discutir o perfil do vice. Ouvi de três parlamentares que “cristão novo” estava vetado: era um estratagema para barrar o nome do neófito pessebista também pernambucano Maurício Rands, ex-petista convidado por Campos para coordenar o programa de governo. Rands é primo de Renata e conheceu Eduardo na adolescência, quando o jovem casal começou a namorar. Empolgadíssimo com o projeto, Rands parecia alheio às disputas do partido. “Pronto, o vice vai ser Beto”, disse-me com ar aliviado e forte sotaque pernambucano por volta das 20h do dia 19, quando nos encontramos no hall de um hotel em Brasília. “Rapaz, como eu jantei aqui com Eduardo”, suspirou alto assim que entramos no restaurante Norton Grill, no 2º andar do hotel em que os dois hospedaram-se noites a fio nos últimos meses.
“Doutor Maurício, achei que o senhor estava no avião”, nos interrompeu o mensageiro Alessandro, dando um abraço emocionado no advogado. Rands, que demonstra prazer em elaborar o programa de governo do PSB e da Rede, vem trabalhando em sintonia com Neca Setubal, a quem considera “uma princesa”. Neca é o apelido de Maria Alice Setubal, filha do banqueiro Olavo Setubal, fundador do Banco Itaú, que se tornou amiga e aliada de Marina. O pernambucano falou animado de uma reunião que teve com o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, do Movimento Brasil Competitivo, em meio às turbulências para a definição da candidatura de Marina. Por sugestão de Gerdau, ele e Neca acertaram incluir no programa a redução do número de secretarias ligadas à Presidência (atualmente são dez) e fortalecer três ministérios – Gestão, Casa Civil e Planejamento – que estariam submetidos a poucas e claras metas de governo. “Mas Marina tem de concordar.”
O programa de governo da Coligação Unidos pelo Brasil foi lançado no dia 29, em São Paulo. Propõe uma reforma administrativa, mas não é claro sobre redução ou fusão de pastas. “É preciso realinhar órgãos e ministérios para lidar melhor com as demandas de grupos novos e tradicionais”, diz, laconicamente, o documento. Mais adiante, fazendo alusão às pastas da Agricultura, Pesca, Desenvolvimento Agrário e Meio Ambiente, defende que sejam repensadas: “É preciso enxugar esse emaranhado de órgãos federais que engessam as ações para o setor rural.”
Marina continuava a se vestir de preto. Campos já havia sido sepultado, mas na missa de sétimo dia, celebrada no dia 19 de agosto, ela ainda não havia abandonado o luto. O xale preto com uma discreta estampa ficava ora em seus ombros, ora no banco. Ela olhava fixamente para o altar, ignorando a profusão de repórteres, cinegrafistas, fotógrafos. O partido já recebera informações preliminares de pesquisas diárias de intenção de voto feitas por telefone, confirmadas nos dias seguintes por institutos de pesquisa. Uma semana depois, no Ibope divulgado dia 26, Marina abriu uma frente de dez pontos percentuais em relação a Aécio Neves e encostou em Dilma, a quem venceria com certa facilidade num eventual segundo turno.
Três dias depois, o Datafolha viria ratificar a arrancada da candidata. Marina, desta vez, aparecia empatada com Dilma – ambas com 34% –, enquanto Aécio regredia cinco pontos, para 15%. Na simulação de segundo turno, a ambientalista abria dez pontos sobre a petista.
A reunião da Executiva Nacional do PSB que oficializou a candidatura de Marina foi marcada para o dia 20 de agosto, às 15 horas. Transferido para as 16 horas, o encontro começou às 17. Antes, Marina e dirigentes do PSB tiveram uma conversa longa e reservada na Fundação João Mangabeira, também na capital federal.
“Tenho me alimentado muito mal”, disse o médico Walter Feldman quando nos encontramos na manhã do dia 21. Em seu prato, apenas um pedaço de goiaba. Na véspera, ele havia participado da reunião na Fundação Mangabeira. Tirou um papel do bolso no qual havia anotado frases de Marina: o ex-tucano pensa escrever um livro sobre “frases e reflexões fantásticas” da ex-petista. Na reunião com a cúpula do PSB, na Fundação, Marina leu uma carta de um compadre do Acre que havia votado nela em 2010 e discordara frontalmente de sua união com Campos em 2013. O amigo dizia estar arrependido de não ter “entendido” o gesto de Marina e de Eduardo. Todos choraram. A ex-ministra prosseguiu e deixou claro que gostaria de ter o controle financeiro da campanha, já que responderá sobre as movimentações como candidata. Indicou o fiel aliado Bazileu Margarido para a tesouraria. “Quero rigor absoluto”, enfatizou.
Marina passou a empregar o termo casher – em hebraico, significa “apropriado” e costuma se referir ao consumo observante dos alimentos na religião judaica – para definir como deve ser seu caixa de campanha. Nessa mesma conversa, sinalizou que caberia ao PSB determinar quem continuaria à frente da coordenação-geral. O secretário nacional da sigla, Carlos Siqueira, estrilou. Sentiu-se destituído do cargo, desprestigiado, e abandonou o barco. Sua reação causou profundo mal-estar, expondo as feridas de alas do PSB que não engoliram a “hospedeira”, termo usado por Siqueira para se referir a Marina. O bafafá contaminou a reunião da Executiva Nacional. A candidata só chegou ao encontro às 19h52. Gravou uma entrevista-relâmpago, a tempo de aparecer nos principais telejornais. Assim que ela entrou no auditório do PSB para o pronunciamento oficial, Siqueira desceu desabalado as escadas. Não se cruzaram. Uma ilha digital improvisada foi montada do lado de fora do salão onde Marina e Beto Albuquerque discursaram. As cenas seriam rapidamente editadas e aproveitadas na propaganda eleitoral gratuita do dia seguinte.
Eu estava entrando na sala de embarque do aeroporto de Brasília, no dia 21, quando avistei o presidente do PSB, Roberto Amaral. Ele caminhava ao lado de Márcio França e Carlos Siqueira, o personagem do momento. Amaral tirou sem pressa os suspensórios e passou pelo detector de metais. Abordei-o em seguida e fomos caminhando em direção aos portões. De repente, ele se abriu. “Estou vivendo à base disso aqui”, disse, retirando cartelas de comprimidos Lexotan do bolso. “E de álcool”, complementou.
“Mas ontem, na reunião da Executiva, nem isso adiantou.” Reclamou da falta de respeito da mídia pelo sofrimento humano. “Cheguei em Congonhas horas depois da morte de Eduardo e enfiaram um microfone na minha frente, como se fosse uma arma, me perguntando quem ia ser o candidato.” Contou que não estava lendo jornais nem assistindo à televisão, que seu único sossego eram as horas de voo, quando colocava os fones de ouvido e fingia estar alheio a qualquer comentário. “Inventaram de tudo, minha filha… Primeiro disseram que eu era a favor da bomba atômica. Só falta dizer que eu destruí Hiroshima.”
Perguntei se ele havia trabalhado contra a candidatura de Marina. “Como?”, respondeu lacônico. Classificou a crise com Carlos Siqueira como “burocracia do partido” e quis encerrar a conversa. Sobre as divisões do PSB, disse: “Eu sou marxista. E a maioria do PSB não é.” Os três se deram conta de que caminhavam em direção ao portão errado. Siqueira falava ao celular com a cabeça baixa, Márcio França tampouco desgrudava do dele – ouvi-o dizer a alguém do outro lado da linha que Marina não ficaria “com o controle financeiro do partido”. Despedimo-nos, e os três embarcaram.
Uma vez em São Paulo, Amaral e França encontraram-se com Marina naquela mesma noite, no comitê do PSB. Disseram que o partido não abriria mão de controlar as finanças e que essa decisão fora tomada pela Executiva em votação. “O CNPJ da campanha é absorvido pelo CNPJ do partido. Se houver ônus, será do PSB. Não poderíamos perder esse controle”, disse-me França. A primeira vez que ele e Marina se falaram francamente foi naquela noite. “Ela é idônea, convicta. Sempre me passa ótima impressão. Não quero mudar o que ela pensa, nem quero que ela mude o que eu penso.” Sobre o financiamento da campanha, França afirmou não considerar relevantes as restrições impostas por Marina – veto a empresas de tabaco, bebida, agrotóxicos e indústria bélica. “Mas, se ela acha, tudo bem.” Ainda assim, como as doações para o comitê do partido e as doações para o comitê do candidato necessariamente não convergem, ele deixou claro que o PSB receberá de bom grado qualquer ajuda. Os dois se entenderam, nos limites que a política permite. “Marina não é de fazer média, não tergiversa. Nem eu.”
Leia Mais