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A seleção que vive de um jogo só, acontecido há mais de meio século

Luis Suárez e Cavani são ótimos atacantes, mas o jogador que mais assusta na seleção uruguaia morreu faz tempo: Obdulio Varela, o capitão de 1950 que virou lenda, por causa de uma bofetada que todos os que estavam em campo garantem que não aconteceu.

| 03 jun 2014_14h35
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Luis Suárez e Cavani são ótimos atacantes, mas o jogador que mais assusta na seleção uruguaia morreu faz tempo: Obdulio Varela, o capitão de 1950 que virou lenda, por causa de uma bofetada que todos os que estavam em campo garantem que não aconteceu.

Não sei vocês, mas eu tenho a impressão de que só quem teme o futebol uruguaio somos nós, os brasileiros. 

O retrospecto do Uruguai em Copas do Mundo inspira um certo respeito, o problema é que tudo ocorreu há mais de sessenta anos. Depois de ganhar as de 1930 e 1950, nunca mais passou das semifinais e há muito que está abaixo do futebol jogado por brasileiros, argentinos, alemães, italianos e, mais recentemente, holandeses, franceses e espanhois. Tem vivido surpreendentes perrengues nas eliminatórias, e nessa última conseguiu a façanha de terminar em quinto lugar, atrás de Argentina, Colômbia, Chile e Equador. Para garantir a vaga, foi preciso eliminar a Jordânia na repescagem. Sim, a Jordânia.

A campanha na Copa da África do Sul, quando fez furor mesmo sem derrotar nenhuma seleção importante, e a chegada do outrora glorioso Peñarol à final da Libertadores em 2011 iludiram muita gente boa, que acreditou numa espécie de ressurreição. Que nada.

Fazem parte da seleção uruguaia o ídolo são-paulino Lugano, que anda batendo de porta em porta atrás de clube que o queira; Fucile, de quem a torcida do Santos não sente a menor saudade; Arévalo Ríos, que passou pelo Botafogo sem que ninguém notasse; Diego Forlán, um dos piores negócios feitos nos últimos anos pelo Internacional de Porto Alegre. Quase um catadão, cuja força está na união e na vontade que consegue mostrar em certos momentos, como fez na Copa América de 2011. Só que isso não acontece sempre, e nem sempre é suficiente.

Ao lado de Inglaterra e Itália, o Uruguai encara um dos grupos mais complicados da primeira fase. O lado bom é que, se passar, vira automaticamente favorito para as oitavas, pois o cruzamento se dá contra Colômbia, Grécia, Japão ou Costa do Marfim.

Depois disso, fim de linha. E, pelo menos por algum tempo, Obdulio pode voltar a descansar em paz. 
 

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