Um time que joga o futebol brasileiro
Independentemente do resultado e de ganhar ou não a Libertadores desse ano, é inegável que esse Atlético Mineiro que está aí já construiu algo marcante. Cansei de ver torcedores mais jovens desconfiarem da grandeza do clube, que jamais ganhou a Libertadores e foi campeão brasileiro apenas uma vez, há mais de 40 anos. Mas, diante do que o Atlético vem fazendo da metade de 2011 pra cá, não é justo que essa dúvida permaneça.
Mesmo depois de ganhar cinco vezes o Brasileirão e das recentes conquistas da Libertadores e do Mundial Interclubes, um dos maiores orgulhos da torcida corintiana continua sendo a Invasão do Maracanã, ocorrida em 1976. O Corinthians venceu o jogo e eliminou o Fluminense, mas logo depois foi derrotado pelo Internacional. O clube não ficou com o título, mas aquilo ficou para a história.
Uma das partidas mais emocionantes que pude presenciar, na condição de torcedor do Flamengo, foi a vitória de 2 a 1 sobre o timaço do Botafogo, no Campeonato Carioca de 1969. A torcida rubro-negra fez um urubu voar da arquibancada e pousar no gramado, acabando com o que era chacota e assumindo o bicho como símbolo. Uma semana depois, o Fluminense ganhou do Flamengo por 3 a 2 e levantou o caneco. A vitória sobre o Botafogo não deu o título ao Flamengo, mas ficou para a história.
Apesar da recente declaração de Felipão (“o resultado fica para a história; o jogo bonito passa”), o futebol é repleto de exemplos de jogadas, jogos e campanhas que ficam marcados para sempre, mesmo sem se transformar, necessariamente, em gols, vitórias e títulos.
Independentemente do resultado e de ganhar ou não a Libertadores desse ano, é inegável que esse Atlético Mineiro que está aí já construiu algo marcante. Cansei de ver torcedores mais jovens desconfiarem da grandeza do clube, que jamais ganhou a Libertadores e foi campeão brasileiro apenas uma vez, há mais de 40 anos. Mas, diante do que o Atlético vem fazendo da metade de 2011 pra cá, não é justo que essa dúvida permaneça.
Mesmo com o Fluminense ganhando o Brasileirão do ano passado com algumas rodadas de antecedência, o Atlético foi o time mais bacana de se ver. Vai pra cima, agride, funga no pescoço, não deixa o adversário respirar. Joga com a bola no chão e em velocidade, tem uma bola aérea forte – embora, às vezes, exagere um pouco nisso pro meu gosto. Também é fato que o Atlético ainda precisa adquirir consistência e equilíbrio em suas atuações fora de casa – coisas que o Corinthians tem de sobra e o Fluminense mostrou no Brasileirão do ano passado –, mas é muito legal vê-lo jogar no Independência.
E tem o Ronaldinho.
Conheço rubro-negros que viraram antiatleticanos por causa do Ronaldinho. Discordo. Claro que existem as delícias da Cidade Maravilhosa, a tietagem descontrolada, o samba no Candongueiro, e tudo isso contribuiu, mas estou convicto de que, em vez de se transformar em antiatleticano, o rubro-negro ferido com a frustrante passagem de Ronaldinho pelo Flamengo deveria virar um antiluxemburgo ferrenho. Cuca, que sempre teve fama de treinador difícil e de atitudes infantis no trato com seus elencos, deu a Vanderlei Luxemburgo uma aula de como lidar com um jogador com as características e o temperamento de Ronaldinho. No trailer do documentário sobre a passagem de Ronaldinho Gaúcho pelo clube, Reinaldo declara que já abdicou da coroa para ele. Quem viu Reinaldo jogar, e sabe da idolatria que a torcida atleticana sempre teve pelo “Rei”, pode imaginar o que isso representa.
Com exceção dos torcedores do Cruzeiro, e de quem mais tiver insuperáveis rusgas por motivos específicos, todo brasileiro que gosta de futebol deveria torcer pelo Atlético na final contra o Olimpia. Porque, no momento, ele é o time que mais se aproxima do que a gente aprendeu como sendo o futebol brasileiro.
Só não entendi porque, nas entrevistas após o jogo de ontem, os jogadores atleticanos agradeceram tanto a Deus. Achei que o último pênalti tinha sido defendido pelo Victor.
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