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Estava mesmo na hora de Neymar partir (e outras considerações sobre o Brasileirão)

Há mais ou menos quinze dias, vi num desses telejornais matinais uma homenagem à cantora Ângela Maria, que completava 84 anos de idade e 60 de carreira. No final da festa, alguém precisava entregar a ela a coroa de Rainha do Rádio. Adivinhem quem foi designado para a função? Ele, Neymar. Desliguei a tevê, fui para o trabalho, abri um site de notícias e vi que, na nova novela das nove, a atriz Tatá Werneck seria uma espécie de maria-chuteira. Adivinhem que jogador seria o primeiro a ser assediado? Pois é. Às vésperas da decisão do Campeonato Paulista, Neymar faltou a um dos treinos do Santos: por causa de um temporal, os aeroportos do Rio fecharam para decolagens, e ele não conseguira voltar de um compromisso com a Nike. Por essas e por muitas outras – participar do clip da obra-prima “ Kong”, com Alexandre Pires, por exemplo –, já estava mesmo na hora de Neymar partir para a Europa.

| 27 maio 2013_16h22
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Há mais ou menos quinze dias, vi num desses telejornais matinais uma homenagem à cantora Ângela Maria, que completava 84 anos de idade e 60 de carreira. No final da festa, alguém precisava entregar a ela a coroa de Rainha do Rádio. Adivinhem quem foi designado para a função? Ele, Neymar. Desliguei a tevê, fui para o trabalho, abri um site de notícias e vi que, na nova novela das nove, a atriz Tatá Werneck seria uma espécie de maria-chuteira. Adivinhem que jogador seria o primeiro a ser assediado? Pois é. Às vésperas da decisão do Campeonato Paulista, Neymar faltou a um dos treinos do Santos: por causa de um temporal, os aeroportos do Rio fecharam para decolagens, e ele não conseguira voltar de um compromisso com a Nike. Por essas e por muitas outras – participar do clip da obra-prima , com Alexandre Pires, por exemplo –, já estava mesmo na hora de Neymar partir para a Europa. Discuto um pouco a tal da evolução. Pode ser. Mas não vejo vantagem em participar de uma liga em que há oito ou nove anos o título fica ou com o Real Madrid ou com o Barcelona, um campeonato em que esses dois times costumeiramente fazem mais de cem gols e o Barça não sabe o que é deixar de balançar a rede há cinquenta e tantos jogos. Claro que encarar a Champions League é outro papo, mas eu não sei exatamente que evolução competitiva o Neymar terá enfrentando as defesas do Levante, do Alicante e do Rocinante.

Em 2009 a torcida do Botafogo levou ao Engenhão uma excelente faixa de protesto, com o seguinte texto: Nenhum clube resiste a tamanha falta de ambição. Este continua a ser o maior problema do Botafogo, que há algum tempo vem fazendo temporadas semelhantes. Monta um time correto para a disputa do estadual, insiste na escalação, apura o coletivo, busca um ou dois reforços razoáveis para o Campeonato Brasileiro, faz toda a lição de casa mas sucumbe a uma espécie de reedição do complexo de vira-lata. E acaba o campeonato ali, em décimo, nono, no máximo oitavo lugar. Sábado, no Pacaembu, o time foi mais organizado e consciente que o Corinthians, marcou seu gol e parecia caminhar para a vitória, mas acabou sufocado, mesmo com o adversário em um de seus dias menos inspirados. O Botafogo não tem um timaço, mas tem um time bem bonzinho. Talvez precisasse acreditar mais nisso.

Seria muito bacana se todos os jogos do Campeonato Brasileiro fossem como Santos e Flamengo. Mais de sessenta mil torcedores no estádio, bom gramado, arbitragem correta. Mas seria mais bacana ainda se, além dos torcedores, o futebol também desse as caras. O Santos repetiu suas atuações no Campeonato Paulista, o que significa dizer que não jogou nada. Nenhuma chance real de gol. O Flamengo teve duas boas oportunidades com Gabriel, uma com Rafinha e outra com Marcelo Moreno. Fez mais, mas ainda assim fez pouco. Pode ser que, com a grana da venda de Neymar, o Santos consiga montar um time forte e disposto. Pode ser que o Flamengo tire um ou dois coelhos da cartola, como fez com Adriano e Petkovic em 2009. Mas, em princípio, Santos e Flamengo fazem parte da lista dos nossos grandes clubes que dificilmente frequentarão as primeiras posições do Brasileirão 2013.

                         

Desde a Batalha dos Aflitos, que definiu a volta do Grêmio à primeira divisão, em 2005, Náutico e Grêmio virou um jogo histórico e que sempre merece ser visto. Tenho curiosidade sobre o time do Náutico, que no Brasileirão de 2012 fez uma campanha inédita: dos 49 pontos que somou, nada menos de 42 foram conquistados no Estádio dos Aflitos. Ou seja: encarar o Náutico lá no Recife é osso, mas enfrentá-lo em casa é uma carne assada. Já o Grêmio foi armado, no início desse ano, de forma perdulária. Vanderlei Luxemburgo montou o time mais ou menos como um novo-rico decora seu apartamento. Abriu a carteira, não poupou recursos, saiu assinando cheques a torto e a direito, contratou jogadores caros, atravessou negociações, fez o diabo. O objetivo maior era a Libertadores, da qual o clube foi eliminado melancolicamente, o que o obrigou a corrigir o foco. Dos seis atacantes do elenco original – Marcelo Moreno, Willian José, Kléber, Welliton, Vargas e Barcos –, os dois primeiros já foram embora, os dois do meio vêm sendo oferecidos por aí e só os dois últimos mantêm o prestígio. André Santos fracassou – bidu – e está partindo, tudo indica que o bom volante Fernando será negociado e o time terá que ser repensado para o Brasileirão, perdendo tempo e largando em desvantagem em relação a Fluminense, Corinthians e Atlético Mineiro, que pelo menos na teoria continuam tão fortes quanto no ano passado. Ontem o Grêmio fez um jogo típico de começo de campeonato, mas venceu sem dificuldade. Mesmo porque, o Náutico insistiu em fazer o seu papel de carne assada.

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