Zeca Baleiro
histórias publicadas
Música jovem
Esta dona prosódia
Você pode considerar “incorreto” quando ouve João Gilberto cantando “pois há milhões de abraços apertado assim, colado assim, calado assim...” (em Chega de Saudade, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes). Ora, se é de abraços que ele fala, então o “correto” seria dizer “apertados” e não “apertado”. Mas, na sua expertise de letrista coloquial (e cheio de pecadinhos prosódicos), Vinícius sacou que ficaria formal demais, além de “incabível” no verso. Também roubaria o efeito de ritmo e rima que se completa com a sequência “colado assim, calado assim”.
Poetas da canção
Versão brasileira - parte 2
Versão brasileira
Quero falar de grandes versões, e de alguns casos em que a versão se iguala ou até mesmo supera o original – sim, são raros os casos, mas que há, há. Versões como as maravilhosas Luzes da Ribalta e Sorri, feitas pelo gênio Braguinha, vulgo João de Barro, para as clássicas Limelight e Smile, do multiartista (e exímio compositor) Charles Chaplin.
Futebol e música 2
Mais trovadores cantaram a nossa “pátria de chuteiras”. Luiz Ayrão (“dá-lhe, dá-lhe bola, meu canarinho vai deixar a gaiola”) e Moraes Moreira (“tá lá, tá lá, tá lá, tá no filó, tá na filosofia, quem sabe sabe o craque brasileiro tem sabedoria) compuseram hinos de incentivo à Seleção Brasileira de 82. Antes, bem antes, o Trio Esperança havia gravado a curiosa Replay (“é gol, que felicidade... o meu time é a alegria da cidade”) – refrão que se tornaria prefixo de vários programas esportivos de rádio.
Futebol e música
O Brasil é o país do futebol, dizem entendidos e comerciais de cerveja. E da música também. E de mil mazelas que nos assombram desde o começo dos tempos. Mas vamos nos concentrar nos dois assuntos iniciais, afinal, como diz a velha canção, “são coisas nossas”, muito nossas.
Mulheres autoras
Foi Chiquinha Gonzaga quem puxou o abre-alas da linhagem de mulheres compositoras, no já longínquo século 19. Um hiato de pelo menos meio século a separaria de Dolores Duran e Maysa, compositoras maiúsculas surgidas na década de 50 do século passado (não me recordo de outro nome de relevância neste período, a não ser a minha conterrânea Dilu Melo, que, apesar de talentosa e dona de clássicos como Fiz a Cama na Varanda e Maravia, nunca teve o mesmo reconhecimento das primeiras).
O marketing dos movimentos
Há muito de cálculo e desejo de ocupação de espaços em todo e qualquer movimento, seja a Semana de Arte Moderna, a Nouvelle Vague, o Tropicalismo, o Dogma ou o Mangue Beat. Ingênuo aquele que pensar que o desejo de “ruptura” embutido em todo movimento é o único combustível dos indivíduos que se agrupam em nome da criação de novos parâmetros estéticos (e comerciais).
O gênero brega