Os afegãos Mahboba Rezayi, Masuma Yavari, Matin Wakily, Shigofa Rasouli e Zahra Karimi, com Luciana Capobianco, diretora da ONG Estou Refugiado (segunda, da esq. à dir.): apesar do visto brasileiro, alguns tentam entrar nos Estados Unidos CRÉDITO: EGBERTO NOGUEIRA_ÍMÃ FOTOGALERIA_2022
O Brasil abre as portas para os afegãos
Ao conceder um visto humanitário de grande abrangência, o país vem atraindo os refugiados do regime do Talibã
O Brasil está concedendo a refugiados afegãos o visto humanitário mais abrangente do mundo. Com o visto, a segurança de permanência deles no país é total. Todos eles ganham documentos, como o CPF, e passam a ter direito aos mesmos benefícios sociais dos brasileiros natos, inclusive o Bolsa Família.
Devido a isso, um grande número de refugiados tem se dirigido às embaixadas brasileiras em Teerã, Islamabad, Moscou, Ancara e Abu Dhabi, que, por estarem mais próximas do Afeganistão, foram autorizadas pelo Ministério das Relações Exteriores a conceder os vistos humanitários. A Agência da ONU para Refugiados (Acnur) estima que só para o Irã fugiram cerca de 800 mil afegãos desde 15 de agosto de 2021, quando o Talibã tomou o poder no Afeganistão. Existem cerca de 100 milhões de refugiados e deslocados no mundo, nos cálculos da Acnur. É uma diáspora gigantesca, maior ainda que a provocada pela Segunda Guerra Mundial.
No Irã, os refugiados chegam exaustos e traumatizados, relata a jornalista Consuelo Dieguez, em Teerã, na piauí de janeiro. Vários deles, inclusive crianças, trazem cicatrizes de chicotadas, de queimaduras com água fervente e de torturas feitas pelo Talibã. Outros têm ferimentos adquiridos durante a fuga, ao cruzarem a fronteira a pé. Eles também contaram sobre casos de estupro de mulheres e de familiares degolados ou mortos a tiros.
Os que obtêm o visto e embarcam para o Brasil são recebidos em São Paulo por ongs que buscam inseri-los na vida do país. “As pessoas pensam que os refugiados são mendigos, criminosos. Não é verdade. Quando fogem, eles levam consigo as habilidades que têm”, afirma a paquistanesa Duniya Aslam, chefe de comunicação da Acnur. Entre os refugiados afegãos que escolheram o Brasil há, por exemplo, médicos, engenheiros, cientistas, professores e jornalistas. Há também artistas, que recentemente se juntaram a refugiados de outros países para criar pinturas murais em um canteiro de obras em São Paulo.
Os assinantes da piauí podem ler a reportagem aqui. Uma seleção das pinturas murais dos refugiados pode ser vista aqui.
Leia Mais
Assine nossa newsletter
Email inválido!
Toda sexta-feira enviaremos uma seleção de conteúdos em destaque na piauí