Marta Pipponzi: “Catorze anos depois do sequestro, ainda não durmo no escuro e tomo remédio para ansiedade. Minha relação com a finitude mudou e vivo em constante estado de alerta” CRÉDITO: EGBERTO NOGUEIRA_ÍMÃ FOTOGALERIA_2023
Relato do meu sequestro
Escritora e herdeira de uma rede de farmácias conta como ficou 41 dias em cativeiro
Ouça um trecho do relato da escritora Marta Pipponzi, herdeira de uma rede de farmácias, sobre o sequestro que a deixou por 41 dias em cativeiro. A narração é da própria Marta.
Transcrição
No caminho para casa, vi pelo retrovisor as luzes de um carro de polícia.
Com medo de ser multada, joguei o celular no chão do banco do passageiro.
O veículo se aproximou, eu desacelerei, ele me ultrapassou e parou alguns metros à frente, em diagonal, bloqueando a rua estreita do Jardim Europa.
Não tive outra opção a não ser parar.
Do veículo à frente, saltou um homem vestido de preto, que veio em minha direção. Ele se apresentou como policial e mandou sair do carro.
Abri a porta. Tudo aconteceu muito rápido: ele me arrancou lá de dentro com gestos fortes e me arrastou para o seu veículo.
Fui jogada no banco de trás do carro, que parecia uma viatura policial, entre dois homens. Havia outros dois na frente.
Disse que deveria ser um engano, que não havia feito nada de errado.
Ele respondeu que, se fosse um engano, eu seria solta ao chegar na delegacia.
Um dos homens ao meu lado começou a amarrar meus pulsos com uma corda.
Falei que não precisava me amarrar. Só ali me dei conta de que se tratava de um sequestro: os homens não usavam uniforme e o carro deles era branco, diferente dos veículos da polícia, que em geral são de cor escura.
Com os punhos amarrados, perguntei se o que eles queriam era dinheiro.
O homem sentado na frente virou-se na minha direção e, com um sorriso perverso, disse que sim, era dinheiro, muito dinheiro.
Questionou se minha família tinha esse tipo de dinheiro.
Antes que eu pudesse responder, colocaram um capuz na minha cabeça, encostaram um revólver na minha nuca e forçaram minha cabeça, de modo que eu ficasse abaixada entre os dois homens, invisível para quem olhasse o carro do lado de fora.
Minha resposta saiu abafada de dentro do capuz. Falei que não sabia se minha família tinha esse dinheiro. Mas que faria de tudo pra me libertar.
Leia a íntegra do relato de Marta Pipponzi na edição de agosto da piauí. Nas bancas ou, para assinantes, aqui.
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