CRÉDITO: LA CRUZ_2023
Subúrbio da solidão
Se tanta gente desapareceu hoje, por que ainda estou aqui?
Vinicius Neves Mariano | Edição 208, Janeiro 2024
A despeito do afago com que mamãe me acorda, desperto todos os dias como se ressuscitasse. Um resto de grito rasga a boca, e sugo um bolo de ar em tamanho desespero que minha cabeça é arremessada para trás. O coração dispara, o breu não o alivia. Estou vivo. Estou vivo.
Mamãe não se recorda quando isso começou, mas me serena sempre do mesmo jeito: faz do seu peito ninho e acaricia minhas costas três vezes antes de sussurrar que está na hora de irmos. São quatro da manhã.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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