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Sobre escritores

Uma retrospectiva de seis nomes da literatura destacados nas páginas da piauí

| 09 fev 2024_19h33
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O MAGO

Os romances de César Aira, o excêntrico escritor argentino, misturam alta erudição e senso de humor fino, digressões ensaísticas borgianas e fábulas surrealistas com ficção científica barata. No Brasil, após traduções esporádicas por diferentes editoras, a Fósforo pretende lançar dezesseis de seus livros nos próximos anos, sendo que os quatro primeiros – O vestido rosa, A prova, O congresso de literatura e Atos de caridade – devem sair já em março.

O CAMINHO DO BEST-SELLER

Em outubro de 2021, Tudo é Rio, de Carla Madeira, alcançou a marca de 145 mil exemplares vendidos. Grande parte do livro foi escrita em sua cama, com um travesseiro servindo de apoio ao computador. Madeira se dedicava ao romance principalmente à noite, depois que chegava do trabalho e colocava os filhos para dormir. Ela coordena 25 funcionários na Lápis Raro, sua agência de publicidade. “Nos fins de semana, eu escrevia muito. Às vezes, cinco horas seguidas. Não podia ficar um dia sem escrever porque perdia o sotaque, a voz e o ritmo do narrador”, disse à piauí.

COM A FORÇA DA ÁGUA

A escritora moçambicana Paulina Chiziane tornou-se, em 2021, a primeira mulher africana a ser distinguida com o Prémio Camões. Os críticos de outrora se calaram, e seu país comemorou o triunfo como se fosse uma façanha esportiva. Com a popularidade de Chiziane em alta, lá surgiram os convites. “Tive propostas de costureiros para me vestir e de cabeleireiros para me pentear.” Até estilistas sul-africanos a procuraram. Ela mandou essa gente toda passear, como gosta de dizer. “Meu corpo não é cabide e adoro um penteado despenteado”, explicou-lhes, bem-humorada.

“TRABALHAR É TÁ NA LUTA”

O escritor Itamar Vieira Junior, de Torto Arado, já abandonou a terapia mais de uma vez por não gostar nem um pouco de falar de si. À piauí, relatou o desejo de ser como Elena Ferrante, a autora italiana que nunca teve a identidade revelada e se mostra ao mundo somente por meio de seus livros. Sentar com jornalistas para falar sobre literatura e acabar tendo de responder sobre sua vida é algo que o deixa frustrado.

ROMANCE DE GERAÇÃO

Nascida em 1991, com três romances publicados, milhões de cópias vendidas e uma disposição para escrever histórias que juntam diversos aspectos e contradições dos jovens entre “20 e tantos e 30 e poucos”, Sally Rooney ganhou vários epítetos para explicar o fenômeno que a acompanha – entre eles, “a primeira grande romancista millennial”, “Salinger para a geração Snapchat”, “romancista da era Instagram” e “Jane Austen do precariado”. Em seus romances, a autora irlandesa alia as tramas a uma forma de escrever também millennial, modo feito para ser direto, viciante e sincero.

A FORMA FÁCIL

A recusa sistemática da altiloquência rege a poesia de Ana Martins Marques, que extrai imensa significância de eventos triviais, pequenas falhas e supressões. O professor de literatura Antonio Marcos Pereira refletiu sobre a poesia cotidiana da autora brasileira. “Não sei dizer quem mudou mais, se a poética de Marques ou meu jeito de encontrar essa poética.”

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