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    Fotomontagem com O anjo caído, de Alexandre Cabanel: a armadilha da justificativa psicológica CRÉDITO: BETO NEJME_2024

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Mais real que o ressentimento

A precariedade social pode explicar a adesão de parte dos brasileiros à extrema direita

Vladimir Safatle | Edição 210, Março 2024

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Em um texto publicado na última edição da piauí (ed. 209, fevereiro), Cesar Zucco, David Samuels e Fernando Mello contestaram o artigo que escrevi sobre os usos indevidos da noção de ressentimento no campo da reflexão política e em especial no que se refere à análise sobre a ascensão da extrema direita. Os três autores apresentaram uma relevante pesquisa a respeito das mudanças na autopercepção de certos grupos sociais brasileiros nos últimos vinte anos, na qual constavam perguntas para medir o grau de racismo, machismo e aporofobia (repulsa aos mais pobres) dos entrevistados. Para os autores, os resultados da pesquisa são incontestáveis: confirmam a existência de relações robustas entre ressentimento e a percepção de determinados grupos de que mudanças sociais os prejudicaram e alteraram as hierarquias sociais. Essa percepção de ganho ou perda de status seria fator fundamental para a adesão à extrema direita, na avaliação de Zucco, Samuels e Mello.

Primeiro, eu gostaria de agradecer a oportunidade de realizar este debate, pois entendo que estamos todos à procura da maneira analiticamente mais precisa para compreender o extremismo de direita como fenômeno global. Fazer esta discussão em uma revista não acadêmica de circulação nacional é uma contribuição relevante que a universidade tem a oferecer neste momento. Além disso, a pesquisa realizada pelos autores é importante e traz mais elementos ao debate.

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