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Libélulas subversivas

    Evandro, na Praça XV, no Rio, em 1984: o instante como vício e a intuição como amuleto CRÉDITO: LUIS PINTO_1984

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Libélulas subversivas

A intuição do fotógrafo Evandro Teixeira e o instante decisivo

Flavio Pinheiro | Edição 219, Dezembro 2024

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A imagem é notícia. Foi assim ao longo de quase sete décadas na vida de Evandro Teixeira, magistral artífice do fotojornalismo brasileiro que morreu aos 88 anos no dia 4 de novembro. Com uma câmera inseparável a tiracolo, em tudo o que via antevia páginas de jornal. Primeiras páginas, de preferência. Seu olho preciso, sagaz, malandro e destemido viu de tudo no Brasil e em parte do mundo – ditaduras, carnavais, poderosos, desvalidos, futebol, artistas e transeuntes, mas também o árido cenário de Canudos, que ele amava e visitava uma vez por ano. O sorriso permanente ele trouxe de Irajuba, pequena cidade da Bahia, onde nasceu. Ainda na juventude, já em Salvador, começou a aprender fotografia por correspondência num curso de José Medeiros, mestre consumado do fotojornalismo e estrela da revista O Cruzeiro.

Instante e intuição combinados ajudam a explicar o talento de Evandro. Ao definir o “instante decisivo”, o francês Henri Cartier-Bresson, um dos patronos do fotojornalismo moderno, deu nome ao átimo que congela momentos e ações. Esse instante, depois do advento da imagem em movimento, foi objeto de profecias apocalípticas. Estaria para morrer. Sobreviveu. Por que a imagem imóvel ainda causa tanto impacto? Há bons exemplos todos os dias. Evandro fugiria do debate como o diabo da cruz. Para ele, bons instantes eram golpes de sorte. Sorte ele tinha, mas pelo jeito a sorte é que o procurava, fazendo dele um refém do acaso e do destino. Na verdade, dependia muito mais de um extraordinário senso de oportunidade treinado em correrias pelas ruas.

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