Entre Pacaraima (Brasil) e Santa Helena (Venezuela): “O que Maduro está tentando fazer? Humilhar o Brasil? Dizer que Pedro Sánchez, o primeiro-ministro espanhol, tem mais peso que Lula?” CRÉDITO: NILTON FUKUDA_ESTADÃO CONTEÚDO_2018
Maduro, o inimigo íntimo de Lula
O governo brasileiro muda de rota na relação com a Venezuela
Ao tomar posse em 2023, o presidente Lula investiu na normalização das relações com a Venezuela. O Brasil precisava atender às necessidades não só dos brasileiros que moram no país vizinho, como dos venezuelanos que se refugiaram aqui. Além disso, havia questões complexas, como o tráfico de drogas para o Brasil, o contrabando na fronteira, o garimpo ilegal, a prostituição e a guerrilha.
Para reatar os laços rompidos durante o governo Bolsonaro, Lula exigiu o compromisso de Nicolás Maduro com a democracia – e o presidente venezuelano pareceu concordar. As eleições na Venezuela, ocorridas em 28 de julho passado, seriam o momento de Maduro dar provas de sua disposição democrática. Para garantir, antes mesmo das eleições, Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República para assuntos externos, viajou à Venezuela e voltou ao Brasil com a promessa de que as atas eleitorais seriam apresentadas.
Maduro, porém, não aceitou mostrar as atas para comprovar a lisura do processo eleitoral, ignorando os apelos do governo Lula. Depois disso, o constrangimento se espalhou nas relações entre Brasil e Venezuela – e, devido às suspeitas de fraude, o governo Lula, como o de outros países, não reconheceu a vitória dada a Maduro.
Agora, o Brasil resolveu encerrar seus esforços para resgatar a imagem da Venezuela, seja aqui, seja no exterior. Não é um rompimento, dado que a diplomacia brasileira não é chegada a medidas extremas, mas um sério afastamento.
Maduro virou inimigo íntimo. Tanto assim que, em dezembro passado, foi decidido em Brasília que nem Lula, nem Celso Amorim, nem o chanceler Mauro Vieira, estarão na posse do venezuelano em 10 de janeiro.
O Brasil também se colocou contra a inclusão da Venezuela entre os países parceiros do Brics, o que, para Maduro, seria uma forma de chancelar, aos olhos do mundo, sua reeleição. Mas, apesar da oposição do governo Lula, em outubro o presidente venezuelano apareceu de surpresa em Kazan, onde se realizava a reunião de cúpula dos Brics. Ele queria convencer o presidente russo Vladimir Putin a forçar o Brasil a recuar.
Não adiantou. No dia 22 de outubro, durante o jantar dos líderes oferecido por Putin (ao qual Lula, em razão da queda que sofreu no banheiro, não pôde comparecer), os dez parceiros já haviam decidido que, da América Latina, apenas Cuba e Bolívia seriam incluídos no bloco. “A irritação do presidente Lula com Maduro era conhecida por todos. Ninguém estava disposto a comprar uma briga com o Brasil por causa da Venezuela”, disse um diplomata que esteve em Kazan a Consuelo Dieguez, na edição deste mês da piauí.
Assinantes da revista podem ler a íntegra da reportagem neste link.
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