O nome de André Marques na lateral do bonde: sua última viagem durou menos de 50 segundos CRÉDITO: CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA_2025
Vítima do passado
A morte de um guarda-freio em Lisboa
João Gabriel de Lima | Edição 229, Outubro 2025
Duas décadas e meia atrás, quando trocou a pequena Sarnadas de São Simão por Lisboa, o jovem André Jorge Gonçalves Marques não estava só mudando de ares. Como muitos compatriotas, abandonava o Portugal antigo em busca de oportunidades no Portugal moderno. Pouco mais de 200 km por autoestrada – e diferenças abissais – separam uma realidade da outra.
A população de Sarnadas de São Simão vem diminuindo desde meados do século passado. Hoje, são meros 167 habitantes. Fica na parte oriental de Portugal, perto da Espanha, um dos maiores desertos geográficos da Europa. O povoado natal de André Marques está justamente ali, na região da Beira Baixa, onde sobra beleza natural – praias fluviais, trilhas, miradouros e cachoeiras – e faltam empregos. Alguns vilarejos com casas de pedra, as Aldeias do Xisto, chegam a ter menos de vinte pessoas, quase sempre idosos, que produzem azeite em lagares artesanais e pão com chouriço em fornos comunitários.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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