Erasmo Alves Theofilo: “Sendo direto, o Brasil não melhorou em vinte anos, pelo menos não na minha realidade. Na luta que vivo – ambiental, camponesa, florestal – só vi retrocesso” CRÉDITO: VICTOR MORIYAMA_2025
Geração democracia: Parte VII_A floresta e a obra
Numa sociedade apaixonada pela desigualdade, uma empreendedora luta contra a quase pobreza
José Henrique Bortoluci | Edição 230, Novembro 2025
No dia 30 de junho de 1988, Alilzete Alves Theofilo pegou carona num caminhão de transporte de madeiras e seguiu pela Rodovia Transamazônica, partindo do assentamento rural em que morava até o hospital de Medicilândia, no Pará, para dar à luz a Erasmo. Ele veio ao mundo com o destino talhado por aquela imensa obra de infraestrutura, que ele chama de “rodovia do genocídio”. Construída na década anterior a seu nascimento para ligar o interior da Amazônia ao litoral do Nordeste, a Transamazônica foi fundamental para definir o padrão de ocupação humana em seu entorno: quem viveria ali, de que forma o espaço seria ocupado, de acordo com que leis e, sobretudo, a quem pertenceriam as terras ao longo da rodovia, que hoje corta imensos municípios, e o que seria feito daquela parte da Floresta Amazônica que a estrada rasgou.
Erasmo Alves Theofilo nasceu três meses antes da promulgação da Constituição brasileira de 1988. Hoje, ele está incluído no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos do Estado do Pará. Camponês e ativista, teve que se afastar do lugar onde nasceu e viveu até recentemente, na zona rural do município paraense de Anapu. Um território que ele cruzava em sua cadeira de rodas, numa luta de quase toda a vida, seguindo o caminho de seus pais. Em suas palavras, hoje ele é um exilado em seu próprio país.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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