Evandro, na Praça XV, no Rio, em 1984: o instante como vício e a intuição como amuleto CRÉDITO: LUIS PINTO_1984
A morte de Evandro Teixeira
Em quase sete décadas de carreira, o baiano se tornou um dos principais nomes do fotojornalismo brasileiro
A imagem é notícia. Foi assim ao longo de quase sete décadas na vida do baiano Evandro Teixeira, um dos artífices do fotojornalismo brasileiro que morreu aos 88 anos no dia 4 de novembro. Com uma câmera inseparável a tiracolo, ele antevia páginas de jornal em tudo o que via. Primeiras páginas, de preferência. Seu olho preciso, sagaz, malandro e destemido presenciou de tudo no Brasil e em parte do mundo – ditaduras, carnavais, poderosos, desvalidos, futebol, artistas e transeuntes.
“Intuição e senso de oportunidade ajudam a explicar o talento de Evandro, que também esbanjava audácia”, escreve Flavio Pinheiro na edição deste mês da piauí. Quando esteve no Espírito Santo em 1991 e lá plantou uma muda de pau-brasil, o príncipe Charles (hoje rei Charles III) ficou de costas para o séquito de fotógrafos que o seguia. Evandro não teve dúvida. Gritou: “Ô, príncipe, vira para cá, porra!” Com o susto, Charles virou. Foto feita.
Vinte e três anos antes, a mãe de Charles, rainha Elizabeth II, veio ao Brasil. Participou da inauguração da nova sede do Museu de Arte de São Paulo (Masp) em novembro de 1968, na Avenida Paulista. Evandro, que trabalhou por aproximadamente cinco décadas no Jornal do Brasil, conseguiu furar o cerco da segurança. Fotografou a rainha curvada para sentar-se no banco do carro que a conduzia. O flagrante se tornou um clássico e rodou o mundo.
Outro dos dotes de Evandro era a perfeição técnica. Em fração de segundos, seu olho combinava luz, velocidade e composição. Foi o que se deu em setembro de 1973 quando, por uma fresta de porta e num tempo exíguo, ele fotografou o corpo do poeta chileno Pablo Neruda sendo colocado no caixão. O general Augusto Pinochet, que derrubara o presidente eleito Salvador Allende poucos dias antes, havia proibido o funeral público do ganhador do Prêmio Nobel de Literatura e notório membro do Partido Comunista. A foto foi a maior façanha de Evandro. Um furo internacional.
Assinantes da piauí podem ler a reportagem neste link.
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