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    Manifestantes protestam contra a condenação de Lula em São Paulo FOTO: LUIZ GUILHERME GERBELLI

questões político-judiciais

Antipetistas levam centenas às ruas, contra milhares em apoio a Lula

Organização de atos do PT diz ter levado 50 mil militantes à capital paulista e 40 mil ao RS; MBL reúne cerca de 500 em Porto Alegre

Naira Hofmeister, Tiago Coelho, Leonardo Pujol e Bruna de Lara | 24 jan 2018_23h43
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Odia em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4a Região também serviu para observar o poder de mobilização de petistas e antipetistas em grandes cidades do país. Em Porto Alegre, a militância pró-Lula reuniu cerca de 40 mil pessoas em atos de apoio, segundo seus organizadores, na manhã desta quarta-feira. Em São Paulo foram aproximadamente 50 mil, também de acordo com a organização do ato. Já entre os manifestantes antipetistas que poderiam sair à rua para celebrar a condenação, o movimento foi menor: na capital gaúcha, o Movimento Brasil Livre (MBL) reuniu em torno de 500 pessoas após a decisão do Tribunal. Em São Paulo, foram cerca de 300, reunidos na Avenida Paulista.

Os números mostram o contraste entre a mobilização de apoio ao ex-presidente em um evento para o qual se preparam desde dezembro, e o baixo poder de adesão dos grupos antipetistas após terem acompanhado a concretização de bandeiras como o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e agora a condenação de Lula.

Em Porto Alegre, os atos pró-Lula foram mais numerosos pela manhã. Por volta das 5h30, as primeiras marchas saíram da periferia em direção ao Centro da cidade. O objetivo era chegar aos ouvidos dos desembargadores “enquanto faziam a barba”, segundo um líder. Ao longo do dia, manifestantes caminharam no entorno do prédio do TRF-4, localizado a menos de um quilômetro do “Acampamento da Democracia”. Foi ali que mais de 200 caravanas, segundo os organizadores, se reuniram em uma vigília pelo ex-presidente.

Pacíficas, as manifestações viveram alguns momentos tensos pela manhã. O youtuber oficial do Movimento Brasil Livre, Arthur do Val, do canal Mamãe Falei, provocou uma confusão no acampamento. Com uma câmera GoPro junto ao corpo, ele foi escoltado até a saída por apoiadores do ex-presidente, após levar alguns xingamentos e empurrões. Uma equipe da Band News também foi expulsa do local.

A militância na capital gaúcha foi se dispersando ao longo do dia, à medida que saía a decisão. Por volta das 16 horas, quando os votos dos dois primeiros desembargadores já confirmavam a condenação, os ônibus começaram a partir. Segundo os organizadores, eram então 10 mil pessoas.  “Volto para casa decepcionada. A gente sempre tem a esperança de que vai poder influenciar, pressionar”, disse Leonice Lacerda, de 54 anos, que percorreu 660 quilômetros de Araucária à capital gaúcha. Ela desembarcou no acampamento às 8 horas e, antes do final da leitura do segundo voto, já estava no ônibus que a levaria de volta ao Paraná.

A cerca de quatro quilômetros dali, no Parque Moinhos de Vento, o Parcão, após o término do julgamento, aproximadamente 500 manifestantes anti-Lula se reuniram, em um ato convocado pelo MBL, para comemorar a decisão. Carros buzinavam e havia fogos de artifício. Militante do Partido Novo, Fernanda Barth trouxe um pixuleco engaiolado para o Parcão, onde o boneco e camisetas “Fora Lula e Fora Dilma” eram vendidos por 20 reais. Às 22 horas, o grupo começou a dispersar.

Defensores da intervenção militar marcaram presença em ato antipetista em Porto Alegre. “Os militares são únicos que podem colocar o Brasil nos eixos. Não confiamos em políticos”, discursou um manifestante em um carro de som

 

Em São Paulo o ato foi realizado na parte da tarde, e as cerca de 50 mil pessoas, segundo os organizadores, partiram em passeata da Praça da República até a Avenida Paulista, na região central da cidade. Na avenida, uma manifestação a favor da condenação de Lula acontecia desde as 10 horas, no vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Convocados pelo MBL e Revoltados Online, o ato reuniu cerca de 300 pessoas em seu auge. Quando os lulistas chegaram à avenida, os opositores já haviam se dispersado.

No Rio de Janeiro, o julgamento de Lula não chegou a gerar comoção, nem da parte dos antipetistas, nem entre lulistas. Um ato convocado pela Central Única dos Trabalhadores para as 9 horas, no Largo da Carioca, foi cancelado. Mais de 20 policiais e viaturas cercavam o local, mas os únicos presentes eram curiosos que assistiam a um ambulante vendendo um produto tira-manchas. “Eu lá quero saber dessa safadeza toda. Tenho mais o que fazer”, disse um jornaleiro do Largo, cercado por publicações estampadas pelo rosto do ex-presidente.

Cerca de 200 militantes protestaram pela manhã em frente a uma das sedes da Rede Globo, na Zona Sul, acusando a emissora de golpista e de apoiar a condenação de Lula. Alguns manifestantes acampam no local desde segunda-feira. “Lá em Porto Alegre tem um monte de gente próxima aos juízes que vão julgar Lula. Aqui a gente veio vigiar de perto outro juiz: a Globo”, disse Flora Santana, do Levante Popular da Juventude.

À noite, um ato pró-Lula chegou a interromper a circulação do VLT na Avenida Rio Branco, mas terminou em poucas horas, tão tímido quanto começou. Palco dos maiores protestos anti-PT no Rio em 2016, a orla de Copacabana não contou com um manifestante sequer. No site do MBL do Rio, havia apenas um vídeo de meia dúzia de pessoas protestando em Belford Roxo, Baixada Fluminense, pedindo a prisão de Lula.

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