Breitner não foi arrogante: foi realista
A derrota do Santos para o Barcelona por quatro a zero, na final do Mundial Interclubes de 2011, foi bem mais que um sinal. Foi um duro contato com a realidade. Sobretudo porque estavam em campo Neymar e Ganso, as maiores revelações do futebol brasileiro desde Ronaldinho Gaúcho, e o treinador era o queridinho da mídia esportiva brasileira, Muricy. Ou seja: mesmo com o que tínhamos de melhor, fomos massacrados e perder de quatro a zero ainda nos deixou no lucro.
A derrota do Santos para o Barcelona por quatro a zero, na final do Mundial Interclubes de 2011, foi bem mais que um sinal. Foi um duro contato com a realidade. Sobretudo porque estavam em campo Neymar e Ganso, as maiores revelações do futebol brasileiro desde Ronaldinho Gaúcho, e o treinador era o queridinho da mídia esportiva brasileira, Muricy. Ou seja: mesmo com o que tínhamos de melhor, fomos massacrados e perder de quatro a zero ainda nos deixou no lucro.
A vida seguiu, a vitória do Corinthians sobre o Chelsea resgatou o Mundial Interclubes para o futebol brasileiro, esquecemos que os europeus não dão muita bola para aquele torneio e voltamos a nos achar os pimpões do Bairro Peixoto. A conquista da Copa das Confederações em cima da poderosa – embora cansadíssima – seleção espanhola aguçou este sentimento. Até que na última sexta-feira, num jogo sem importância alguma, a realidade tocou novamente a campainha das nossas casas.
Discordo do uso da palavra . Uma das características que fazem do futebol o esporte coletivo indiscutivelmente superior a todos os outros é o fato de que só nele o mais fraco, sem tradição e sem dinheiro pode vencer. No entanto, quando o mais fraco, sem tradição e sem dinheiro vence, chamamos de . O Corinthians é eliminado da Libertadores pelo Tolima, vexame. O Internacional é eliminado do Mundial Interclubes pelo Mazembe, vexame. O nome disso não é vexame, é futebol. Mas perder de oito a zero, mesmo sendo uma partida que valia tanto quanto uma nota de três reais, não existe. Oito a zero é placar de jogo de colégio, quando os galalaus da oitava série enfrentam os miúdos da quarta.
Juntei o inacreditável resultado de sexta-feira com a entrevista de Paul Breitner ao programa “Bola da Vez”, da ESPN, em abril – Breitner afirmou com todas as letras que nós, brasileiros, precisamos aceitar que estamos jogando um futebol do passado – e decidi ser um pouco mais rigoroso com os jogos do fim de semana pelo Brasileirão.
Temos, pelo menos até agora, o campeonato mais fraco dos últimos anos. Não há nada que encha os olhos, como o quase intransponível sistema defensivo do São Paulo em 2006, 2007 e 2008. Ou Petkovic e Adriano gastando a bola em 2009, do mesmo jeito que Conca em 2010. Ou os equilibradíssimos, frios e cirúrgicos Corinthians de 2011 e Fluminense de 2012.
Ontem, Grêmio e Inter abusaram de uma das coisas mais irritantes do futebol brasileiro: as encenações. Jogadores levando cutucões no peito e simulando cotoveladas violentíssimas no rosto, gente se contorcendo com esgares de perna quebrada e levantando feliz da vida assim que o cartão amarelo era mostrado ao adversário. E o juiz, péssimo, caindo na conversa. Jorge Henrique foi expulso num lance em que sequer tocou em Barcos, mas o canastrão argentino rolou no chão e chorou como se fosse o dia da morte de Evita Perón.
Botafogo e Vasco fizeram um jogo cheio de gols e emoções, mas de nível técnico sofrível, com risíveis atuações de pelo menos meia dúzia de caras (Nei, Renato Silva, Sandro Silva, Robinho, Bolívar, Lodeiro). Há algo que represente mais o passado do que ter, outra vez e como sempre, Seedorf e Juninho na condição de melhores em campo?
Já que ela tocou a campainha, é melhor deixar a realidade entrar. E, sem complexo de vira-lata mas com humildade e bom senso, admitir que Breitner tem razão.
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