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    Marcio Santos, em um evento da TV Record Foto: Edu Garcia/ R7

autos de denúncia

Caso encerrado por 7 mil reais

Ex-diretor de RH da Record faz transação penal para não esperar sentença em caso de assédio sexual

João Batista Jr., de São Paulo | 29 ago 2024_18h13
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O executivo Márcio Santos, ex-diretor de Recursos Humanos da TV Record, aceitou um acordo para que não fosse julgado pela acusação de assediar sexualmente o jornalista Elian Matte, que era editor na equipe de Roberto Cabrini.

Na última segunda-feira, dia 26, Santos assinou uma transação penal ofertada pelo Ministério Público, um benefício no qual o acusado aceita pagar multa ou pena antecipada para que o processo seja arquivado. No caso de Santos, o valor foi de 7.060 reais, que será destinado ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

O caso se encerra por aqui. “Pior do que o julgamento da Justiça, é o julgamento da mídia. Por tudo o que passou, o que ele fez foi se utilizar de um benefício legal para não conviver com um processo que poderia arrastar por anos”, explica Marcelo Soares Sampaio, advogado de Santos.

A Polícia Civil de São Paulo abriu uma investigação depois da publicação da reportagem Como a Record abafou dois casos de assédio sexual no site da piauí, em novembro de 2023, que relatava o caso de Matte, cercado por insistentes mensagens do diretor, que até passou a monitorá-lo pelo circuito interno de câmeras de segurança. Santos mandava mensagens descrevendo sua roupa, para que soubesse da vigilância. Chegou a lhe enviar uma foto de um monitor, fazendo um close na altura dos quadris, com o texto: “Olha!!! Que delícia acordar tendo uma visão deliciosa, eu quero” (…) “Pergunta se está sensual? SIMMM, SEX!”. Em outra ocasião, escreveu: “Vc deve estar todo gostosinho aí na redação de camisetinha mostrando seus dotes, neh?”

Os investigadores ouviram Santos, Matte e testemunhas, tiveram acesso a mensagens e fotos. Em abril deste ano, o caso foi parar no Ministério Público.

A transação penal é um dispositivo legal em casos considerados de menor potencial ofensivo, quando os crimes não superam 2 anos de reclusão. Com ela, o investigado não vai a julgamento, permanece réu primário e se compromete a ir a uma audiência judicial, celebrando o acordo perante o promotor.

Santos é o segundo homem do alto escalão da Record a realizar uma transação penal por assédio sexual em menos de ano. Thiago Feitosa, ex-diretor da Record News, em outubro do ano passado aceitou pagar 26 mil reais destinado ao mesmo fundo após ter sido denunciado sob acusação de cometer assédio sexual contra a jornalista Rhiza Castro. Castro, aliás, havia feito as denúncias de assédio por parte de seu então chefe ao diretor de RH da emissora, Santos. Ela foi demitida e, então, decidiu fazer um boletim de ocorrência.

Depois da reportagem da piauí, o Ministério Público do Trabalho de São Paulo moveu uma ação civil pública para investigar diversas denúncias de assédio moral e sexual na Record, como as que aconteceram com Castro e Matte. O caso está em andamento.

Se na esfera criminal o assunto se encerrou com a transação penal, na trabalhista o caso continua em aberto. Elian Matte foi demitido da emissora no dia 24 de abril apesar de seu quadro de depressão e síndrome de burnout. Muitas reviravoltas judiciais aconteceram desde então. Ele foi reintegrado ao trabalho, mas essa decisão foi posteriormente revogada. O jornalista segue fazendo tratamento de saúde.

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