A Ford durou 101 anos no Brasil. Foi a primeira fábrica de automóveis a se instalar por aqui, em 1919, e na semana passada anunciou o encerramento de todas as suas operações no país. Com isso, estima-se que, dos 6 mil funcionários que atualmente trabalham na Ford, 5 mil devem ser demitidos até o fim do ano. A empresa americana tinha linhas de montagem na Bahia, no Ceará e em São Paulo. Numa tacada só, deve cortar mais vagas de emprego do que todas aquelas que foram cortadas pelas montadoras de carro no Brasil em 2020. Ao todo, de janeiro a novembro do ano passado, o setor extinguiu 4,3 mil empregos – consequência da crise que se abateu sobre toda a indústria na pandemia. A produção de carros em 2020 foi um terço menor do que no ano anterior, assim como a exportação de veículos e autopeças. O =igualdades desta semana dimensiona o impacto da saída da Ford do Brasil.
Na última semana, a Ford anunciou o fim de suas operações no Brasil e, com isso, a demissão de cerca de 5 mil funcionários. É um número maior do que o de empregos que foram cortados por todas as montadoras do setor entre janeiro e novembro de 2020. Ao todo, foram extintas 4,3 mil vagas, segundo os dados do Caged.
De janeiro a novembro de 2020, considerando o saldo de demissões e admissões, os bancos comerciais extinguiram 10,3 mil empregos no Brasil. Isso corresponde a pouco mais que o dobro do que a Ford deve demitir até o final de janeiro (5 mil funcionários), após anunciar o fechamento de todas as suas fábricas no país.
A Volkswagen, fabricante de automóveis alemã e concorrente da Ford, emprega 15 mil pessoas em suas unidades no Brasil. A americana Ford possuía cerca de 6 mil empregados diretamente em suas fábricas.
Para cada funcionário da Ford, existem outros 19 funcionários das demais montadoras no Brasil. A companhia americana tinha aproximadamente 6 mil funcionários no fim de 2020, dos quais 5 mil devem ser demitidos; o setor tem 114,5 mil empregados no país.
O número de demissões da Ford é mais que o dobro da quantidade de servidores comissionados no Ministério da Saúde, segundo dados de dezembro de 2019. Enquanto a Ford deve demitir 5 mil funcionários até o encerramento das atividades nas fábricas brasileiras, a pasta da Saúde possui 2,2 mil comissionados.
A exportação de carros e autopeças no Brasil caiu mais de 30% em um ano. Em 2020, o país arrecadou 6,7 bilhões de dólares com o envio de automóveis para o exterior; em 2019, foram arrecadados 9,7 bilhões de dólares.
Acompanhando a desaceleração da economia em 2020, a fabricação de automóveis foi um terço menor que em 2019. No ano passado, a indústria automotiva entregou 2 milhões de carros no mercado nacional; em 2019, foram 2,9 milhões de carros.
Fontes: Ford, Anfavea, Volkswagen, Caged, Comex – Ministério da Economia.
Foi produtor do Foro de Teresina e repórter na piauí.
Jornalista e autora de Memórias Interrompidas: testemunhos do sertão que virou mar. Foi estagiária de jornalismo na piauí e também já contribuiu com Universa Uol, G1 Ceará e Diário do Nordeste.
É designer e diretora do estúdio BuonoDisegno