Dinheiro brasileiro no exterior equivale à fortuna de Elon Musk

Os brasileiros mantêm, ao todo, 1,12 trilhão de reais em contas no estrangeiro. Esse levantamento é feito pelo Banco Central, que deve ser informado sobre todo estoque financeiro mantido no exterior. A abertura de offshores ou de contas no exterior não é ilegal, desde que o saldo seja declarado às autoridades brasileiras. O problema é que esse tipo de atividade pode ser usada para evasão fiscal – ou para esconder negócios ilícitos longe da vista do público. Devido ao sigilo oferecido pelos paraísos fiscais, não é possível saber quanto desse dinheiro é usado para sonegação de impostos. Por não estar em solo brasileiro, a fortuna de 1 trilhão não é tributada no país. A quantia equivale à atual fortuna do empresário Elon Musk, o homem mais rico do mundo. 

Para a Receita Federal, órgão responsável por administrar os tributos federais e fazer o controle aduaneiro, os brasileiros têm apenas 50,4 bilhões de reais no exterior – muito menos que o identificado pelo Banco Central. A diferença de valores revela a falta de transparência de operações no exterior. Manter dinheiro em países cujas regras fiscais são mais flexíveis é um privilégio para poucos e o nome dos donos dessas contas não são públicos. 

Neste mês, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, em inglês) abriu a caixa de Pandora das offshores. Milhares de documentos analisados por seiscentos jornalistas de todo o mundo revelaram quem são os donos de empreendimentos em paraísos fiscais. Os jornalistas encontraram reis, políticos, celebridades e empresários. A piauí fez parte da investigação e mostrou que entre os donos de offshores estão o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. 

Camille Lichotti

É repórter da piauí

Renata Buono

É designer e diretora do estúdio BuonoDisegno