A abstenção recorde e o avanço lento das candidaturas vitoriosas de negros e mulheres foram alguns dos números revelados nesta eleição. Outro destaque é o sucesso dos candidatos vindos das polícias e das Forças Armadas: foram 50 prefeitos e 809 vereadores eleitos. Nesta semana, o =igualdades faz um raio-X dos resultados do primeiro turno das eleições municipais.
Foram eleitos 50 prefeitos e 809 vereadores vindos das polícias e das Forças Armadas. Ao todo, havia 8.422 candidatos das áreas de segurança, 527 candidatos disputando o Executivo e 7.895 buscando vaga no Legislativo. Ou seja, em média, a cada 10 candidatos policialescos, um foi eleito.
Em 2012, houve 659 prefeitas eleitas – 11,84% do total. Em 2016, o número diminuiu para 641 – 11,5%. Este ano, 650 mulheres já foram eleitas – 12,1% do total – e em 19 cidades há mulheres disputando o segundo turno. É um avanço contínuo, ainda que lento.
São Paulo elegeu o maior número de mulheres, e Roraima, a maior proporção em relação ao total de municípios do Estado. Em Roraima, quatro mulheres foram eleitas – elas são 28,57% dos novos ocupantes do Executivo. Em São Paulo, foram 60 mulheres, 10% do total de prefeitos eleitos. Já o Espírito Santo elegeu só uma prefeita – 1,37% do total.
Joice Hasselmann teve este ano apenas um de cada dez votos conquistados em 2018. Há dois anos, ela teve 1.078.666 votos e foi a segunda deputada mais votada no estado de São Paulo – na cidade de São Paulo, recebeu 289.404 votos. Este ano, na disputa pela prefeitura, teve apenas 98.342 votos.
Em 2016, 1.605 negros, homens e mulheres, foram eleitos para o Executivo municipal – 29% do total. Dos prefeitos eleitos em 2020, 1.732 são negros (autodeclarados pretos e pardos) e representam 32,1% do total. O Nordeste concentra o maior número de prefeitos negros eleitos, totalizando 932. A seguir vêm o Sudeste, com 318; o Norte, com 269; o Centro-Oeste, com 167; e o Sul, com 46. Para cada prefeito negro eleito no Sul, vinte foram eleitos no Nordeste.
Em 2016, 17,6 em cada cem eleitores não foram votar; este ano, foram 23,1 em cada cem. Em 112 cidades, a abstenção ficou acima da casa dos 30%. Em Oiapoque, no Amapá, 4 em cada dez eleitores não foram às urnas – 38,27% de abstenção.
No Rio de Janeiro, a soma de votos em branco, nulos e abstenções chegou a 2,2 milhões – mais do que os 2,1 milhões de votos dados a Eduardo Paes (DEM), Marcelo Crivella (Republicanos), Martha Rocha (PDT) e Benedita da Silva (PT) juntos.
Em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, o candidato Alexandre Kalil (PSD) foi reeleito no primeiro turno com 784.307 votos – 661.092 votos a mais que o segundo colocado, Bruno Engler (PRTB), que totalizou 123.215. Mesmo que o voto de todos os outros candidatos que disputaram com o candidato do PSD fossem somados, a vitória de Kalil ainda estaria certa: seriam 453.457, contra os mais de 784 mil de Kalil.
*Nota metodológica: foram consideradas candidatura policialescas candidatos que declararam como profissão bombeiro militar, membro das Forças Armadas, militar reformado, policial civil ou policial militar, ou que usaram na urna nome de cunho militar.
Fontes: Dados do Tribunal Superior Eleitoral tabulados pela empresa ASK-AR a pedido da piauí; Justiça Eleitoral.
Repórter da piauí
Jornalista e autora de Memórias Interrompidas: testemunhos do sertão que virou mar. Foi estagiária de jornalismo na piauí e também já contribuiu com Universa Uol, G1 Ceará e Diário do Nordeste.
Foi produtor do Foro de Teresina e repórter na piauí.
Foi repórter da piauí. Trabalhou em O Globo, Extra, Época e Agência Lupa
É designer e diretora do estúdio BuonoDisegno