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Em 2020, a cada cem mortes violentas no Rio, 25 foram causadas pela polícia

Hellen Guimarães e Renata Buono | 11 fev 2021_09h00
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Mesmo com a redução de 32% em relação a 2019, o ano de 2020 é o quarto de maior letalidade policial no Rio desde o início da série histórica, em 2003. O ano passado registrou 1.239 mortos pela polícia. Isso representa 25% do total de 4.892 mortes violentas que ocorreram no estado de janeiro a dezembro de 2020. Os dados não discriminam, entre os mortos por policiais, quem é bandido e quem é inocente. Nem deveriam. Especialistas em segurança pública entendem que uma polícia de alta letalidade cria um ambiente muito propício aos excessos das forças de segurança, que atingem principalmente a população mais pobre nas favelas, e expõe os próprios policiais a um risco maior. Além disso, a mentalidade não resolve o problema, já que é impossível eliminar criminosos à bala e as complexas dinâmicas do crime organizado exigem políticas de segurança pública mais completas para combatê-lo.

“A política de tiro na cabecinha não respeita os direitos civis, a proteção que os cidadãos têm contra os excessos e a violência de estado. Isso atinge também outros direitos e garantias fundamentais, como a de um julgamento justo. A polícia não é, e não deveria ser, um órgão julgador. Ela não julga quem deve ou não ser punido, nem deve ser executora de pena de morte, que não existe no Brasil”, argumenta Daniel Hirata, professor da UFF e coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF).

“Não bastasse isso, uma análise assentada em dados comprova que a letalidade policial não controla a criminalidade. Entre os vários estudos que nos permitem chegar a essa conclusão, uma pesquisa do Geni mostra que, historicamente, um número maior de operações não diminui os crimes contra a vida nem contra o patrimônio. Da maneira como essas ações são realizadas, espetaculares, violentas, elas não são um método eficaz de controle. Ao contrário: tendem a aumentar os crimes contra a vida, especialmente os homicídios dolosos, além dos roubos de carga e de veículos”, concluiu.

Fonte: Instituto de Segurança Pública (ISP)

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