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    Foto: Jefferson Coppola/Folhapress

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Em defesa da Cinemateca Brasileira

Eduardo Escorel | 27 jul 2016_14h53
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Mais uma vez, a Cinemateca Brasileira sofre uma intervenção brutal, ainda mais criminosa do que a promovida pela ex-ministra Marta Suplicy, em janeiro de 2013, no governo da presidente afastada Dilma Rousseff.

Desde então, nesses três anos e pouco, graças à dedicação de um grupo reduzido de abnegados funcionários, alguns agregados a partir de 2014, e da coordenadora-geral da Cinemateca, Olga Futema, a instituição iniciara a duras penas o processo de retomada de suas múltiplas atividades. E, para recuperar seu dinamismo pleno, contava com o indispensável apoio do Ministério da Cultura, ao qual é subordinada.

Em vez desse suporte, o que a Cinemateca Brasileira recebeu ontem foi outra inesperada punhalada nas costas, em especial depois da declaração do ministro Marcelo Calero de que ficara bem impressionado depois da visita feita à Cinemateca no início do mês, em companhia do Secretário do Audiovisual, Alfredo Bertini.

A visita do ministro durou uma manhã inteira e incluiu, além de algumas exposições orais, feitas por integrantes da diretoria e do Conselho Consultivo, um tour pelas salas de projeção, laboratório e reserva técnica, onde parte do acervo é preservado a baixa temperatura e umidade controlada. O frio que o ministro sentiu não impediu que fosse caloroso, transmitindo aos funcionários e demais presentes a impressão de que poderiam contar com o Ministério para prosseguir no trabalho de ressuscitar a Cinemateca.

O efeito imediato das exonerações divulgadas ontem é, pelo contrário, paralisar atividades em curso e minar a confiança dos funcionários de que haja perspectiva de realizar um projeto a longo prazo.

A justificativa do expurgo realizado na Cinemateca não tem razão de ser e os pretextos invocados pelo Ministério da Cultura carecem de fundamento. Olga Futema, além de ser servidora pública desde 1984, tendo dedicado a vida à Cinemateca, não foi nomeada coordenadora-geral por indicação política. O critério foi de notório saber, apartidário, o mesmo valendo para os demais funcionários afastados, alguns dos quais sequer eram de nomeação recente.

Só o ministro Marcelo Calero poderá esclarecer as verdadeiras razões que o levaram a promover essa razzia intempestiva. Uma possibilidade é ter sido mal informado; outra, é estar dando ouvidos a quem não merece sua confiança; outra ainda é a cobiça pela Cinemateca Brasileira, que tem tudo para ser a joia da coroa de qualquer Ministério da Cultura etc.

Nomear quem não tenha a menor qualificação para o cargo de diretor da Cinemateca apenas agrava uma situação já alarmante.

Resta a esperança de que Marcelo Calero, ministro da Cultura do governo interino de Michel Temer, não queira entrar para a história de braço dado com Marta Suplicy, ex-ministra da Cultura da presidente afastada Dilma Rousseff. Ambos dançando um minueto e fazendo jus ao apodo de coveiros da memória do cinema brasileiro.

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