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    Por meio de um kit tecnológico, Indiamara examina as crianças da aldeia para que os médicos possam avaliá-las à distância Foto: Thiana Perusso

depoimento

Hospital de uma pessoa só

Indígena kaingang conta como um projeto de telemedicina transformou a vida de sua aldeia em Curitiba

Indiamara Morais Veloso | 14 jan 2022_18h07
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A indígena kaingang Indiamara Morais Veloso, de 41 anos, nasceu e cresceu na Reserva Indígena Mangueirinha, no interior do Paraná. Aos 18, se mudou para Curitiba, onde realizou o sonho de cursar técnica de enfermagem. Em 2009, passou a morar na recém-criada Kakané Porã, primeira aldeia indígena urbana do Sul do Brasil, localizada no perímetro urbano de Curitiba. Embora ainda não tenha conseguido um emprego em sua área de formação, Veloso tem posto seus conhecimentos em prática num novo projeto de telemedicina do Pequeno Príncipe, o maior hospital pediátrico do Brasil. Na aldeia onde vive, Veloso se tornou o ponto de contato entre as médicas do hospital e as mães da comunidade. Ela opera os aparelhos e câmeras do TytyoCare, kit tecnológico portátil que permite a realização de exames físicos à distância, e ajuda na comunicação entre as médicas e os pacientes.

Em depoimento a Plínio Lopes

 

Nasci na aldeia de Mangueirinha, em 1980. Vim para Curitiba quando eu tinha 18 anos para cursar enfermagem, porque lá em Mangueirinha isso era difícil de conseguir. Eu queria tentar ser algo melhor. Tive a oportunidade de vir para a capital porque meu primo morava e trabalhava aqui. Minha irmã e meus parentes continuaram morando na aldeia. Quando eu era criança, estudei no colégio que existia ali. Lembro que, depois das aulas, eu e meus colegas costumávamos ir para o centro de cultura fazer artesanato com as sementes que a gente buscava no mato. Eu também trabalhava na lavoura. Essa era a nossa vida.

Hoje as coisas já estão melhores na aldeia. Tem muito índio que virou enfermeiro, técnico de enfermagem, alguns até se formaram em direito. Os ônibus agora vão até lá e buscam o pessoal para estudar. Antes era mais difícil, a gente não tinha essas condições. Por isso eu agradeço por ter surgido a oportunidade de vir a Curitiba para estudar.

Eu sempre quis fazer o curso de técnica de enfermagem. Às vezes meu pai e meus familiares tinham algum problema, algum machucado, e eu sempre estava lá para ajudar. Eu ficava feliz quando ia para uma unidade de saúde e via os enfermeiros trabalhando. Consegui realizar esse sonho quando entrei para o curso, no Senac. Mas foi bem difícil terminar os estudos. Quando vim pra Curitiba, eu trabalhava na feirinha da Praça Osório com meu primo. A gente vendia artesanato indígena: arco e flecha, cocar, maracá, entre outros. Era de segunda a segunda. Eu chegava na feira às seis, seis e meia da manhã, montava a barraquinha ligeiro e saía correndo para o curso. Depois tinha que voltar e ajudar meu primo a atender os clientes. Às vezes ficava até as três da manhã estudando para fazer as provas. Eu não tinha internet em casa, então sofria. Mas com muito esforço, graças a Deus, estamos aí.

Concluí o curso em agosto de 2018, mas por enquanto ainda não consegui trabalhar na minha profissão. Hoje sou auxiliar de serviços gerais na Funai. Já entreguei currículo em vários lugares e agora só estou esperando me chamarem. Assim que isso acontecer, deixo esse meu emprego e vou finalmente exercer a profissão que eu sempre quis.

Mas, graças a um projeto do Hospital Pequeno Príncipe, eu já estou conseguindo colocar alguns dos meus aprendizados em prática. Os enfermeiros e médicos do hospital vão uma vez por mês lá na aldeia, sempre num sábado. Acontece de algumas mães terem dificuldade para entender as médicas, então elas me procuram para conversar. Assim a gente descobre muita coisa que vinha acontecendo na aldeia e que a gente nem sabia.

O projeto está sendo muito útil, principalmente para as mães. Antes, se surgisse qualquer problema de saúde, as pessoas da aldeia precisavam ir até a Unidade de Saúde do Caximba, que fica a 4 km da aldeia. Quando não tinha carro, iam a pé. E com a pandemia a gente também ficava com medo de levar as crianças aos postos de saúde, né? Esses lugares às vezes ficavam muito cheios, e a gente nunca sabe quem está contaminado.

Agora a situação melhorou muito com o Tyto [TytoCare, kit tecnológico portátil]. Ele tem todos os aparelhos que a gente precisa para examinar um paciente. É como ter um médico em casa. O kit inclui até uma câmera para olhar o ouvido e a garganta das pessoas. A consulta é feita a distância por uma médica. Minha função é manusear o aparelho para que ela possa ver as imagens e escutar tudo lá no hospital. Depois da consulta, a médica envia a receita por e-mail, eu imprimo e explico tudo para a mãe das crianças. Se for algo mais grave, que precise de atendimento especializado, eu encaminho o paciente para o hospital.

Esse sistema é importante para a aldeia porque, com a pandemia, ficou difícil a gente se deslocar toda hora. Para mim, que sou mãe de criança pequena, é uma mudança e tanto. E também é uma experiência nova. Nunca pensei que poderia examinar uma pessoa aqui na minha aldeia, nem que iria manusear um aparelho como esse. É uma coisa única. Seria muito bom se outras aldeias também pudessem ter acesso ao Tyto. Em Mangueirinha, por exemplo, onde eu nasci, era muito difícil conseguir acesso a um atendimento especializado.

É gratificante ver os pacientes saindo felizes depois de terem conseguido uma consulta da qual eles precisavam. Esse projeto poderia ter surgido há mais tempo, né? As nossas crianças agora estão sendo bem atendidas, como deveriam. Isso é a coisa mais importante. Nós sabemos que elas são o futuro da nossa aldeia.

Indiamara Morais Veloso

Técnica de enfermagem da aldeia Kakané Porã, em Curitiba

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