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    Para a oposição, a clausura da estátua de Franco não passa de “ocultação estética da ditadura”. Para o prefeito de Ferrol, foi a solução mais barata FOTO: AFP/GETTY IMAGES

despedida

A cavalgada final

Cai o pano sobre a estátua equestre de Franco

Dorrit Harazim | Edição 43, Abril 2010

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Foram quase duas horas de labuta árdua no Pátio das Ferrarias do Arsenal Militar de Ferrol, o pequeno porto naval da Galícia, no extremo noroeste da Espanha. Às quatro da tarde de 18 de março passado, doze recrutas iniciaram os trabalhos para içar a mais célebre estátua equestre da cidade, pousá-la numa jaula de aço especialmente construída no estaleiro naval e depositá-la num armazém militar de acesso reservado.

Com isto, as autoridades municipais cumpriam a Lei da Memória Histórica aprovada pelo governo socialista em dezembro de 2007, pela qual toda efígie, monumento, estátua ou símbolo apologético da ditadura de Francisco Franco devem ser retirados das vistas públicas. Excetuando-se uma estátua do caudilho ainda exposta no enclave de Melilla, no norte da África, o monumento equestre de El Ferrol era o último ainda visível na Espanha europeia.

Não foi fácil imobilizar dentro da jaula o monumento de bronze e estanho de 6 metros de altura, que pesava mais de 8 toneladas. A colocação de cabos de aço nas patas do cavalo, a sustentação da efígie por meio de um arnês acoplado a correntes, a remoção do mastodonte içado numa grua e pousado numa jamanta de transporte – foi um trabalho hercúleo. E discreto.

 

Presentes, apenas os oficiais da Marinha que supervisionaram o trabalho e meia dúzia de jornalistas. A cavalgada final do caudilho de metal montado em seu corcel começou às 17h30, com a jamanta saindo de marcha a ré do pátio militar. O trajeto de menos de 2 quilômetros até a Escola Naval Antonio de Escaño, no bairro de Carança, levou mais de uma hora. Ali, cavalo e cavaleiro foram apeados da jamanta e depositados num galpão do Serviço de Materiais da Marinha. Cobertos por uma lona cinza-chumbo, estão destinados ao esquecimento.

“Isso não passa de ocultação estética da própria ditadura, cujos nomes continuam a povoar, em filhos, sobrinhos e netos, os principais cargos de dirigentes dos três poderes na Espanha”, denunciou a Esquerda Unida, que exigia a fundição – idealmente em praça pública – da obra. Para os conspiromaníacos, é altamente simbólico que Franco, mesmo que só em bronze, continua montado em seu cavalo “à espera de tempos melhores”. Já para o prefeito socialista de Ferrol, cidade natal do caudilho, a explicação para o acobertamento sob a lona é mais banal: “Foi uma solução barata”, resumiu o alcaide.

A operação foi uma nota de rodapé da guerra civil que engolfou a Espanha nos anos 30 do século passado, gerou a ditadura mais longeva da Europa (Francisco Franco manteve-se no poder de 1936 a 1975) e deixou feridas insepultas até hoje.

 

Obra do escultor madrilenho Federico Coulleaut, a estátua agora aposentada teve existência atribulada. Moldada em 1964 graças à arrecadação de mais de 1 milhão de pesetas junto a bancos, juntas comerciais e associações de bairros da região, foi entronizada três anos depois na praça mais nobre de Ferrol. Só que, segundo cronistas da época, a oferenda esculpida não agradou ao venerado filho da terra, que se recusou a inaugurá-la por considerá-la feia e desproporcional. A estátua sobreviveu intacta a dois atentados à bomba. Também amanheceu toda pintada de rosa – a cor do separatismo de esquerda galego – num dia de outono do ano 2000, com hordas de militantes antifranquistas acampados entre suas patas de bronze.

Em 2002, após 35 anos de visibilidade máxima na Plaza de España, o caudilho montado em posição imperial foi desalojado para a área murada do Pátio das Ferrarias, onde permaneceu até o mês passado. Ali, só era avistado pelo punhado de visitantes ocasionais do museu naval da cidade, instalado no mesmo terreno. Com seu desterro para um local fechado num subúrbio de Ferrol, a monumental escultura junta-se à montanha de relíquias do franquismo que lentamente vêm sendo eliminadas da paisagem pública espanhola.

 

Mirrado e miúdo quando entrou para a Marinha e, depois, para a Infantaria, Francisco Franco iniciou a carreira militar com o apelido de “Fósforo nanico”. Era tímido, tinha a língua ligeiramente presa e passou anos levando cascudos dos colegas de academia. Ou seja, não tinha propriamente o physique du rôle de um futuro ditador. Mas “Paco”, seu outro apelido quando adolescente, tornou-se o mais jovem general europeu em 1926, passou a ser chamado de “El Caudillo” por seus camaradas de armas, designação até então reservada a guerreiros medievais, e comandou o período mais sombrio da história da Espanha moderna. Fanático torcedor do Real Madrid, gozou de excelente saúde até contrair o mal de Parkinson nos últimos anos de vida. Suas últimas palavras, aos 82 anos de idade, foram: “Por que é tão difícil morrer?”

 

Passados 72 anos desde a tomada do poder por Franco e mais de três décadas após sua morte, a Espanha continua com dificuldade para enterrar de vez o franquismo. Até hoje o país não solucionou a aberração de ter um hino nacional desprovido de letra – a versão cantada durante a ditadura (“Viva Espanha!/Alçados os braços/filhos do povo espanhol.”) foi proibida, mas ainda não substituída.

Tampouco a Espanha democrática sabe o que fazer com o apocalíptico Valle de los Caídos, o memorial concebido por Franco para cultuar os que combateram a seu lado na guerra civil. Encrustrado na lateral de uma montanha perto de Madri, e situado a apenas 10 quilômetros de distância do palácio real de Escorial, o vale em torno do mausoléu abriga os restos mortais de cerca de 40 mil combatentes franquistas. No intuito de imprimir uma conotação de reconciliação nacional ao empreendimento, Franco também ordenou que ali fossem enterrados antifascistas encontrados em valas comuns. A iniciativa enfureceu os familiares das vítimas do caudilho.

Construído ao longo de dezoito anos por uma mão de obra abastecida por prisioneiros da Frente Popular republicana, o mausoléu e sua monumental basílica sempre foram e continuam sendo o monumento por excelência da ideologia franquista. Embora a tradicional romaria do dia 20 de novembro – data da morte do caudilho ali enterrado – tenha sido proibida, o seu túmulo continua recebendo flores frescas. Diariamente.

A ambiguidade da Espanha em relação a Franco não diz respeito ao seu lugar na história. Diz respeito ao presente: Franco venceu os republicanos e restaurou a monarquia, e a Espanha continua a ser uma monarquia. A aposentadoria da estátua do ditador não é, portanto, uma vitória póstuma dos vencidos na guerra civil. É um compromisso que só poderá ter um desenlace no futuro. Às vezes não se chega a uma conclusão. Há hoje apenas três estátuas de Luís XVI na França, o último monarca absolutista. E nenhuma de Saint Just e Robespierre, os responsáveis pela sua morte na guilhotina.

Dorrit Harazim
Dorrit Harazim

Jornalista, trabalhou nos principais veículos da imprensa brasileira e participou da criação da revista Veja e da piauí, na qual foi editora. Ganhou o Prêmio Maria Moors Cabot, da Universidade Columbia. É colunista de O Globo e publicou O instante certo

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