Guilherme Derrite: nas palavras de um juiz da Justiça Militar, ao comentar as mudanças promovidas na PM, o secretário e o governador estão “virando a pirâmide de cabeça para baixo” CREDITO: GABRIEL SILVA_ATOPRESS_ESTADÃO CONTEÚDO_27/09/23
O homem e seu passado
A desconhecida história de Guilherme Derrite, o secretário de Segurança Pública de São Paulo
João Batista Jr. | Edição 212, Maio 2024
Na noite do dia 9 de novembro de 2011, assim que o tiroteio acabou, um jovem de 15 anos correu até a casa assaltada. Houve disparos para todos os lados e o adolescente estava apreensivo. Temia que seu irmão fosse um dos assaltantes. Ao chegar ao local, ouviu a seguinte notícia sobre o destino de seu irmão. “Se ele for trabalhador, pode ir para a sua casa que ele está lá. Se não for, pode ir pro IML”, disse um PM. O adolescente correu para o IML. Ficou duas semanas sem dormir, abalado pela visão do cadáver do irmão, que estava coberto de sangue e de olhos abertos. “Parecia que ele estava assustado”, diz. Marcelo Barbosa Soares, de 17 anos, levara dois tiros durante o assalto. Morreu de “hemorragia interna traumática aguda”.
O caso ocorreu no Jardim Arpoador, bairro paulistano quase na divisa com Osasco. Os três assaltantes foram mortos. Na soma, levaram nove tiros. O policial que mandou o rapaz de 15 anos ao IML era um tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Chamava-se Guilherme Muraro Derrite. Tinha 27 anos, estava no segundo ano de trabalho na Rota, a tropa de elite da PM paulista, e gostava de dizer que sua missão era “tirar vagabundo de circulação”. Ficou quase doze anos na PM, entrou para a reserva como capitão, elegeu-se e reelegeu-se deputado federal e foi vice-líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara. Hoje, é secretário da Segurança Pública do governador Tarcísio de Freitas. É o primeiro policial militar tão jovem e com patente tão baixa a assumir o cargo.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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