Garimpo destruído durante operação na Terra Indígena Yanomami, em Roraima: a ação do Ibama esbarra na escassez de fiscais; há doze anos, o órgão dispunha de 1,2 mil fiscais; hoje tem cerca de 700, e só 300 estão em condições de ir a campo CRÉDITO: RICARDO CAMPOS_IBAMA_2023
Como Lula vai combater o desmatamento
Os obstáculos para a reconstrução da política ambiental
Bernardo Esteves | Edição 201, Junho 2023
Havia um clima de déjà vu no ar quando o biólogo João Paulo Capobianco entrou no bloco B da Esplanada dos Ministérios, no início deste ano, para assumir o posto de secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Vinte anos atrás, no primeiro mandato de Lula, ele também fazia parte da equipe que a ministra Marina Silva escalou para tocar seu projeto de política ambiental. Em 2003, Capobianco tomou posse primeiro como secretário de Biodiversidade e Florestas, e mais tarde assumiu a secretaria executiva, o segundo cargo mais importante do ministério. O biólogo foi um dos idealizadores do plano que reduziu em 82% o desmatamento na Amazônia em oito anos (2004-12), e Marina fez questão de tê-lo de novo ao seu lado. Capô, como é conhecido, seria um aliado indispensável no compromisso de eliminar o desmatamento ilegal até 2030, meta que o Brasil assumiu diante do resto do mundo quando assinou o Acordo de Paris, em 2015.
O secretário executivo viveu de dentro duas transições de governo. Apesar do roteiro parecido, teve experiências muito diferentes nas duas ocasiões. Em 2003, foi recebido pessoalmente no Ministério do Meio Ambiente pelo secretário de Biodiversidade do governo Fernando Henrique Cardoso, que estava de saída. Impressionou-se com a mesa grande repleta de papéis que o antecessor havia preparado para a transição. “Ele tinha reunido todos os documentos e processos da secretaria, organizados por ordem alfabética”, contou à piauí, em seu gabinete em Brasília. O secretário de saída apresentou o sucessor aos funcionários da repartição e conversou com ele por horas para mantê-lo a par das principais pendências e projetos em andamento. Entregou-lhe uma secretaria funcionando a pleno vapor. “Os cargos todos estavam preenchidos. Todos os diretores, coordenadores-gerais e gerentes de projeto, bem como os conselhos vinculados à secretaria”, disse Capobianco. “E na agenda já tinha uma reunião marcada para dali a duas ou três semanas.”
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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