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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2017

esquina

Acadêmicos do barulho

Franciscanos se queixam da São Francisco

Natália Portinari | Edição 128, Maio 2017

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Já fazia algum tempo que o frei franciscano Odorico Decker vinha se incomodando com o barulho dos vizinhos. Certa noite, há mais de uma década, ele tomou coragem e resolveu enfrentá-los. Calçou as sandálias, vestiu a bata marrom e desceu as escadas do convento. No coração do Centro de São Paulo, na rua Riachuelo, a igreja de São Francisco divide um muro com a faculdade de direito da USP, conhecida pelo mesmo nome. A janela do frei dava então para uma fresta entre os dois prédios, por onde reverbera o som das festas universitárias até hoje realizadas três ou quatro vezes por semana, não raro até o sol raiar.

“Fui até lá por instinto, sem pensar em nada, nem no perigo de ser assaltado”, lembrou o frei, um senhor elegante – alto, magro, a coluna ereta – de 88 anos. “A festa não estava cheia, era um grupo pequeno. Não sei se era algo ligado a prostituição, porque os meninos e meninas estavam meio nus”, revelou, ainda intrigado. “Disse a eles que não dava para viver assim, com barulho todo dia, porque nós temos que acordar cedo para trabalhar.”

Criado numa colônia alemã em Antônio Carlos, município de Santa Catarina, Decker fala português com “sotaque de padre”, uma prosódia inevitavelmente associada às homilias dominicais que, no seu caso, tem origem familiar. Numa conversa no confessionário da igreja – uma sala onde havia apenas uma mesa e duas cadeiras, sem qualquer imagem religiosa ou adereço que indicasse a função do cômodo – disse que tinha se mudado para aquele convento há quase duas décadas, no ano 2000. Desde então vem sofrendo quase diariamente com a algazarra promovida pelos vizinhos, futuros advogados, destinados a integrar a elite da profissão no país.

 

Não faz muito tempo, Decker fez uma segunda visita ao Porão, como é chamado o espaço de confraternização administrado pelo Centro Acadêmico XI de Agosto, a associação dos alunos da faculdade de direito. Em ambas as ocasiões, ele disse, foi bem recebido – e o seu pedido para que abaixassem o volume acabou sendo atendido. Mas não houve efeito a longo prazo. Quando ensaiava uma terceira tentativa, um colega da ordem o alertou para o risco de “ser linchado” pelos jovens. Depois disso, nunca mais pôs os pés na faculdade. Resignado, o frei tentou, por um tempo, aplicar grossas chapas de isopor às janelas, à noite, antes de se deitar. “Dormia sufocado no calor”, reclamou.

 

O convento da Igreja de São Francisco foi fundado em 1647. Viveria o seu auge no século seguinte, quando chegaram a morar por lá cerca de 200 frades. Hoje, são apenas dezessete. Diferentes dos beneditinos, os franciscanos não vivem em clausura e têm uma vida social agitada. Em 1828, alguns chegaram a lecionar no recém-fundado curso jurídico, que logo ao ser criado tomou emprestada uma sacristia e a converteu em sala de aula. As instalações foram se expandindo até que a faculdade se apoderasse de metade do quarteirão, por ação judicial, na década de 1930. Na partilha do imóvel, os juristas ficaram com a biblioteca de 5 mil volumes da ordem franciscana. Até o termo “franciscano” foi apropriado para se referir a quem estuda na unidade mais antiga da USP.

A criação do Porão é mais recente. Há apenas uma entrada para o espaço de confraternização, que fica abaixo do nível da rua. O acesso é feito por uma escada estreita. A ausência de saídas alternativas é uma infração às normas de segurança municipais. Também não há isolamento acústico no local, exigência legal para estabelecimentos que realizam festas na madrugada. “Já chamamos a polícia muitas vezes, mas eles não dão conta de lidar com os futuros advogados. Acho que têm medo”, informou Decker.

 

Além de sofrer com o barulho, o frade catarinense também se preocupa com o bem-estar de seus colegas. Embora tenha poucos moradores fixos, o convento costuma receber visitantes de todo o Brasil. Geralmente são franciscanos idosos, que fazem tratamento nos hospitais de São Paulo. Em 2016, faleceram três pessoas hospedadas na casa nessas condições.

 

No ano passado, cansados de tanto barulho, os freis começaram a instalar janelas antirruído nas quarenta celas de 9 metros quadrados, com cama, estante, armário e escrivaninha.

O problema é que, enquanto espera pelo novo aposento, frei Odorico Decker tem tido que dormir numa parte do prédio onde o barulho das festas penetra de maneira particularmente incômoda, segundo ele. “É funk, aquele tipo de música de colocar a bunda pra cima e pra baixo, sabe? As meninas gostam muito. Musicalmente, não faz sentido algum, são só repetições.” O franciscano fala com conhecimento de causa, já que, aos domingos, toca gaita harmônica na missa matinal. “É um dom que Deus me deu. Não sei ler partituras, aprendi acompanhando a melodia com o ouvido. Sou muito querido com o meu instrumento, todo mundo gosta.”

 

Nas noites dominicais, depois do jantar, os frades se reúnem para um recreio, ocasião em que Decker volta a soprar sua gaita – mas num volume apropriado, garante o religioso. “As festas que fazemos aqui são algo normal e cristão. Lá é anormal, mundano.”

Ciosos dos seus direitos, representantes do convento registraram há alguns meses uma queixa na delegacia de polícia da Sé. Um inquérito foi aberto. Em reação, um grupo de estudantes católicos da faculdade vem tentando fazer uma mediação entre a igreja e o centro acadêmico. Querem evitar que o caso chegue à Justiça.

Procurados pela piauí, os representantes do XI de Agosto decidiram emitir uma espécie de nota oficial sobre o caso. No texto eles argumentam que apenas “eventualmente” ocorrem festas no Porão, o que “não importa sua configuração como casa noturna”. Dizem, de toda forma, que estão “analisando a viabilidade de reformas estruturais, tais como isolamento acústico e melhora da acessibilidade”.

Frei Mário Tagliari, responsável pela zeladoria do convento, frisa que os religiosos não são contra comemorações, tampouco odeiam a felicidade dos jovens. “Só queremos ter o direito de dormir”, disse. “E que eles sejam submetidos às mesmas leis que valem para qualquer um que tenha um espaço de festas.”

Natália Portinari
Natália Portinari

Natália Portinari, jornalista, é repórter de economia da Folha de S.Paulo

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