O país no balcão, uma obra dos tempos bolsonaristas: do jerimum aos negros quimbundos CRÉDITO: ALLAN SIEBER_2023
Chico Buarque e o Brasil de ontem e hoje
Em nova turnê, Chico Buarque canta um país entre a beleza e a bancarrota
Fernando de Barros e Silva | Edição 199, Abril 2023
A canção que dá nome à turnê de Chico Buarque com Mônica Salmaso pertence à constelação de suas criações que orbitam a política. Que Tal um Samba? – este convite não existiria sem a dor filha da puta dos últimos anos. Assim como não conseguimos ouvir Vai Passar ou Pelas Tabelas, ambas de 1984, sem associá-las à campanha das Diretas Já, lá se vão quarenta anos. Vai passar/nesta avenida um samba popular, dizia a primeira. Quando ouvi a cidade de noite batendo as panelas/eu pensei que era ela voltando pra mim, ecoava a segunda. A promessa e a frustração históricas estão ali, encarnadas nas canções.
Mas a associação quase instantânea que fazemos ao ouvir Que Tal um Samba? – pelo menos nós, os mais velhos – é com Apesar de Você, o samba de 1970 que se converteu numa espécie de hino de resistência à ditadura. Lançado em meados daquele ano por um descuido da censura, o compacto (que trazia Desalento no lado B) foi recolhido das lojas um mês depois, por ordem dos militares. Mas já era tarde.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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