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Central de manipulação

    Montagem feita pela piauí inspirada nos posts do Kwai: as agências de conteúdo operam via exterior e uma delas alerta aos interessados que “o DDI não é do Brasil e sim da Zâmbia +260” CRÉDITO: BETO NEJME_2023

questões digitais

Central de manipulação

Como a rede social Kwai clonou contas, impulsionou presidenciáveis e pagou por conteúdos desonestos em sua escalada até os 48 milhões de usuários no Brasil

Pedro Pannunzio | Edição 208, Janeiro 2024

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Numa manhã de junho de 2022 os executivos brasileiros do Kwai, uma rede social de vídeos curtos, chegaram à sede da empresa em São Paulo para a primeira tarefa do dia: discutir os relatórios enviados durante a madrugada pela matriz, situada em Pequim, onze horas à frente do horário brasileiro. Naquele dia, o relatório de seis páginas, escrito em inglês e mandarim, trazia um título quase burocrático: “Riscos com os KwaiCuts e a eleição brasileira de 2022.” Mas o assunto era delicado e vinha sendo tratado em sigilo. Sua leitura mostrava o lado obscuro da rede social no Brasil.

KwaiCuts, ou cortes do Kwai, é o nome interno que designa todo material que a rede social encomenda a agências de conteúdo. Na guerra para aumentar sua audiência, o Kwai compra delas conteúdos capazes de despertar interesse e aumentar o tempo de permanência do usuário na rede. Às vezes, o Kwai diz às agências o que quer. Em 29 de dezembro de 2022, por exemplo, encomendou vídeos sobre Pelé, que acabara de morrer. Na maioria das vezes, porém, o Kwai não especifica nada, simplesmente quer conteúdo viralizante – mesmo que seja falso e mentiroso.

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