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    CRÉDITO: VALENTINA FRAIZ_2023

ficçao

Crisálida

O tesouro que herdei da minha bisavó

Bárbara Mazzola | Edição 209, Fevereiro 2024

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A primeira vez que escrevi foi sobre morte. Eu tinha 10 anos e estava na minha casa. No mesmo terreno, ficava a casa dos meus avós, onde também moravam minha tia-avó e minha bisavó. Vivíamos em casas separadas, mas com uma escada que fazia a ligação entre os dois quintais.

Minha bisa era paraense, filha de uma indígena e de um português que entrou no Brasil pelas portas de Belém. Pequena, magrinha, tinha a pele morena, os olhos grandes e puxados, os cabelos brancos bem lisos, sempre amarrados num coque baixo, os ombros ossudos e um temperamento doce, como o humor dos sábios. Mesmo depois de adulta, corria para baixo dos móveis, cheia de medo, ao ouvir um trovão.

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Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz

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