Em abril de 96, FHC diz: "Começo a sentir o travo amargo do poder, no seu aspecto mais podre de toma lá dá cá: se eu não der algum ministério, o PPB não vota; se eu não puser o Luiz Carlos Santos, o PMDB não cimenta - e muitas vezes fazemos isso e eles não entregam o que prometeram" FOTO: ORLANDO BRITO
Dentro do poder
O cotidiano das conversas, negociações e preocupações do primeiro mandatário, registrado num pequeno gravador
Fernando Henrique Cardoso | Edição 109, Outubro 2015
Entre 1995 e 2002, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO registrou de forma metódica as experiências que viveu como presidente da República. Munido de um pequeno gravador, relatava a si mesmo, em voz alta, o que lhe parecia significativo ou curioso no cotidiano do poder. FHC reconstitui encontros e conversas com amigos e aliados, diz o que pensa de uns e de outros, faz críticas (mais do que elogios), comenta notícias a respeito do governo, reclama da imprensa, manifesta inquietações, identifica interesses e aponta intrigas a seu redor.
Do extenso documento gravado resultarão cerca de 4 mil páginas, que estão sendo transcritas pela antropóloga Danielle Ardaillon, curadora do acervo do Instituto Fernando Henrique Cardoso. Parte desse material, compreendendo os anos de 1995 e 1996, vem agora a público no primeiro volume dos Diários da Presidência, a ser lançado no final deste mês pela Companhia das Letras. O livro reúne quase noventa horas de gravação decupadas de 44 fitas cassete. Os outros três volumes devem ser publicados pela mesma editora até meados de 2017.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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