Kassab, no elevador do seu prédio: ele já disse que o PSD não era direita, nem esquerda, nem centro. Ontem, disse que é “centro-direita”. No dia seguinte, disse que é “de centro” CRÉDITO: BOB WOLFENSON_2024
O homem da planilha
Gilberto Kassab prepara o PSD para os próximos trezentos anos
Luigi Mazza | Edição 218, Novembro 2024
O escritório de Carlos Takahashi é, em suas próprias palavras, “instagramável”. Fica no segundo andar do Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. É dos poucos ambientes que ainda não foram repintados desde que João Doria saiu do governo do estado, em 2022, deixando para trás um palácio quase todo preto – o piso de madeira, as paredes, as mesas, as portas, a moldura das janelas. O que atrai os cliques de Instagram são os recados espalhados pelo recinto. Na porta de entrada do escritório, lê-se nas cores azul e vermelha: “Aqui neste setor não fazemos o mínimo necessário, buscamos realizar o máximo possível aos municípios do nosso estado!” Uma plaqueta de papel sobre a mesa informa que a administração pública requer três B’s: “Boa vontade; bom senso; boa organização.”
Takahashi é assessor especial de atendimento aos municípios. Mas, a quem o visita, exibe orgulhoso um cartão com um título diferente: “Carlos Takahashi: assessor do prefeito.” Qual prefeito?, alguém pode perguntar. Os 645 prefeitos do estado de São Paulo, ele responderá. Desde janeiro do ano passado, 643 já o visitaram naquela sala. Pleiteiam verbas para recapear estradas, construir pontes, reformar postos de saúde, equipar escolas. As únicas ausências são Ricardo Nunes (MDB), o prefeito da capital – “ele fala direto com o governador”, diz Takahashi – e Marcos Tonho (Republicanos), prefeito de Santana de Parnaíba. “Essa cidade tem uma arrecadação extraordinária. Não pedem ajuda, e eu também não vou atrás.”
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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