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Meu fêmur, meu sono e uma nova vida

    Muggiati e sua mulher, Lena, recriam a tela American gothic: “Penduramos nosso quadrinho das Bodas de Rubi num lugar de honra da sala” CRÉDITO: CLÁUDIA ALVES (FOTO)_ROBERTO MENDONÇA MUGGIATI (ARTE)

questões ósseas

Meu fêmur, meu sono e uma nova vida

Jornalista de 85 anos transforma sua fratura de fêmur numa experiência de vida enriquecedora

Roberto Muggiati | Edição 206, Novembro 2023

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No quarto de dormir, no meio da noite, quebrei o fêmur. Ou o fêmur quebrou sozinho. No começo eu nem sabia que era o fêmur. Acordei no chão, do lado da cama, estatelado como um saco de batatas podres. Não conseguia mover a perna direita, que doía muito. Gritei de dor e pânico, acudiu Lena, minha mulher. Com imenso esforço conseguimos colocar a perna – reta e rígida como se estivesse entalada – sobre meu catre de solteiro.

Liguei para o 192, o Samu atendeu prontamente. Entreouvi a conversa da enfermeira-maqueira com a central. Ela ripostou: “Mas o Getúlio Vargas fica no Irajá! Estamos na Rua das Laranjeiras…” E, pouco depois, para mim: “Vamos levar o senhor para o Miguel Couto. Já estamos a caminho da sua casa.”

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