Oscar Niemeyer era original apenas o suficiente para ser especial, distinto e conectado ao caráter brasileiro, mas não diferente a ponto de não poder ser admirado no resto do mundo FOTO: CENTRO NIEMEYER, AVILÉS, ASTÚRIAS_MIGUEL A. BLANCO_2011
Niemeyer visto de fora
Sua obra é, ao mesmo tempo, expressão rigorosa do modernismo e crítica implícita a seus princípios
Paul Goldberger | Edição 76, Janeiro 2013
Muitos arquitetos modernos do primeiro time viveram e trabalharam no Brasil: nas décadas de 50 e 60, Lina Bo Bardi, uma das mais talentosas arquitetas desde sempre; Paulo Mendes da Rocha, vencedor do Prêmio Pritzker em 2006; Isay Weinfeld e Marcio Kogan, que continuam a produzir casas de extrema beleza minimalista. Eles e seus colegas são pouco conhecidos fora do Brasil, em grande parte porque a reputação do arquiteto mais famoso do país tornou-se tão avassaladora que deixou todos os demais na sombra. Oscar Niemeyer foi um dos arquitetos de maior prestígio no mundo por seis décadas. E ainda trabalhava quando morreu no dia 5 de dezembro, a dez dias de completar 105 anos.
Pode parecer uma forma estranha de render homenagem a Niemeyer dizer que, além do grande legado que construiu para seus colegas brasileiros em sua vida longa e extraordinária, mais um dom virá com a sua morte: sem sua presença esmagadora, o mundo pode finalmente vir a reconhecer que ele não era o único arquiteto moderno produzido pelo Brasil. Ainda assim, Niemeyer era bem mais que o decano de um quadro notavelmente talentoso de arquitetos. E não foi apenas a espantosa longevidade que fez sua reputação crescer a ponto de sufocar a dos demais brasileiros.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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