cartas_nenhuma desejando feliz aniversário… snif-snif
| Edição 37, Outubro 2009
DIFERENCIADA
Ao terminar de ler a reportagem “A diferenciada” (piauí_36, setembro 2009) não sei dizer realmente o que senti: irritação, frustração… provavelmente as duas coisas. Irritação porque o conteúdo da matéria foi muito infeliz e desnecessário, para não dizer outra coisa. Acho até que “Uma linha sobre Michael Jackson” teria sido menos irritante. E frustração porque continuei a ler a reportagem acreditando que em algum momento houvesse ali, naquelas quatro páginas, no meio de tanta asneira, algum comentário à la piauí… não encontrei. Tirando isso a leitura da revista foi ótima.
CAIO ESPER_SÃO PAULO/SP
Em Farroupilha todos conhecem a seguinte anedota. O barão Grendene dizia a quem quisesse ouvir: “Os meus netos não conseguirão gastar os juros do meu dinheiro.” Barão Grendene, onde quer que esteja agora: o senhor não contava com os seus bisnetos!
UOSTER ZIELINSKI_NATURAL DE FARROUPILHA/RS, RESIDENTE EM BELO HORIZONTE/MG
A reportagem só tem frivolidades de uma mente que vive fora dos nossos dias. Leio desde sempre a piauí, mas nessa vocês desperdiçaram papel, pois não vi absolutamente NADA útil nem politicamente correto. Mas fazer o quê? Quem não vai nas feias não merece as bonitas.
ANGELO DEMORE_CAXIAS DO SUL/RS
Mais! Mais! Por favor, mandem o Roberto Kaz cobrir outra festa (serve funeral) da dona Sukarno. Me mijei. E o isqueiro do garçom? E o banho frio? piauí (ou Simara?) é o máximo!
LUIZ CARLOS DE SOUZA_SÃO PAULO/SP
GÊNESIS
A capa da última edição (piauí_36, setembro 2009), sem falso moralismo, não foi uma boa escolha. Um amigo, a quem indiquei a revista, comentou que, ao chegar em casa com a família (a sogra inclusive), se deparou com a revista, embaladinha no plástico, em cima da mesa da sala de estar, com a capa virada para cima, ostentando a figura do Adão e da Eva em franca posição de coito. O que ele fez? Constrangido, rapidamente retirou o exemplar. Por certo será difícil mantê-lo no lugar nobre, à disposição das visitas. E a coleção ficou abalada. Outro ponto negativo, consequência do forte apelo sexual incrustado na edição, é a apresentação da revista nas bancas de jornal. Talvez até venda mais, mas quero crer que a intenção não foi esta. Poderiam ter escolhido outro quadrinho do Crumb. O certo é que, para nós que colecionamos a revista, foi frustrante. Longa vida à piauí, mas, por favor, escolham melhor as capas.
SÉRGIO MENDES_TERESINA/PI
Se esse livro diabólico não fosse utilizado sistematicamente para perseguir e torturar inocentes, se não fosse utilizado para abençoar e justificar o egoísmo e a crueldade, seria até divertido ver uma versão em quadrinhos dele. Entretanto, foi com base nesses contos folclóricos, coletados no Iraque da Idade do Bronze, que os mesquinhos adoradores de demônio de Abraão declararam guerra à Humanidade – uma guerra que ainda exterminará a raça humana antes do final deste século. Com este lançamento a Conrad presta um desserviço não só ao país como também ao mundo. Lamentável equívoco.
ALAN PIRES FERREIRA_BELO HORIZONTE/MG
Sinceramente, não entendi a contribuição desta historinha ao leitor de piauí. Fiquei decepcionado e até aborrecido por ter gasto o meu tempo lendo a história de Adão e Eva, ainda que com uma maliciazinha juvenil nas entrelinhas. Por favor, poupe-nos do Velho – e do Novo – Testamento nas próximas edições.
WAGNER TUBINO_SÃO PAULO/SP
ÔNIBUS
Na matéria “O estouro da boiada metálica” (piauí_36, setembro 2009) faltou dizer claramente que o reflexo dos ônibus se amontoando nas áreas do centro e da Zona Sul é a falta de coletivos na parte mais distante da Zona Oeste: Realengo, Bangu, Campo Grande, Guaratiba e Santa Cruz. Nessas áreas, as linhas locais e em direção ao centro foram suprimidas. Não há integração com o sistema de trens, obrigando as pessoas a pagarem duas ou mais passagens em trajetos nos quais, anos atrás, pagavam apenas uma. A Oriental controla a única linha entre Campo Grande e centro que cobra a tarifa básica. Seus ônibus caem aos pedaços, literalmente. Na avenida Brasil, a qualquer hora do dia, é possível observar carros da Oriental enguiçados pelo caminho. Os horários são mera ficção. Nem os fiscais de ponto sabem informá-los. Enfim, bagunça total. O panorama é diferente nos frescões (4,40 reais nos modelos urbanos e 7 reais nos modelos turismo). Os carros novos se amontoam nos pontos e novos trajetos foram criados. É a velha tática de fazer sumir do mercado o produto básico para obrigar o público a consumir o produto mais caro e com maior margem de lucro. Dos bairros ainda mais distantes que Campo Grande, já não há mais linhas para o centro com a tarifa básica. Ou as linhas passaram a ser operadas exclusivamente por frescões, ou tiveram seu itinerário alterado para trajetos parciais. Uma viagem de 2,20 reais sem baldeação passou a custar 5 reais com até duas baldeações.
DANIEL SOARES_RIO DE JANEIRO/RJ
QUESTÕES CINEMATOGRÁFICAS
Na sexta à noite, assisti a Moscou, seguido de um debate entre Eduardo Coutinho e sua plateia. O filme é feito de fragmentos, a vida também. No filme, jorram sentimentos: nos rostos expressivos dos atores, nas falas (da peça de Tchekhov ou não), nas cenas de ensaio, nos camarins, nos cenários. Duas cenas são belíssimas. No escuro se acendem fósforos e, em um encontro amoroso, se ouve uma música brasileira romântica. O amor é possível? Ou estamos todos esperando voltar para Moscou? Em outra cena, uma atriz chora. E sabemos que é a atriz, e não a sua personagem, quem está chorando. Suas colegas de palco a reconduzem para sua personagem, depositando assim sua tristeza nas três irmãs de Tchekhov. Em seguida, as atrizes conseguem rir entre si. Não é no barulho que se constrói a festa. O que Eduardo Escorel enxergou como a ausência do diretor no filme (“Coutinho não sabe o que fazer”, piauí_35, agosto 2009), enxergo como presença sutil e constante.
ÂNGELA BEATRIZ S. M. VIANNA_PORTO ALEGRE/RS
Mais que biografar a ascensão e queda meteóricas de um ídolo, o filme Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei reescreve a saga do cantor para que, conhecendo finalmente sua história, o Brasil possa absolvê-lo de coisas que talvez ele sequer tenha feito (piauí_36, setembro 2009). Convicto de que este é mais um exemplo de como o racismo impera nas relações sócio-político-econômico-culturais do Brasil, pergunto: teria Wilson Simonal sido vítima de uma conspiração racista e que até hoje, mesmo depois de sua morte, ainda paga por tais truculências?
JADIELSON ALEXANDRE DA SILVA_ARAPIRACA/AL
DIÁRIO KEN COLGAN (ainda)
Acabo de ler a carta da Valeria Fontana (matéria da piauí_34, julho 2009), que criticou a atitude dos brasileiros que defendem a Amazônia sem jamais ter viajado até lá. Ela, por conhecer tão bem o país, deveria saber que a grande maioria dos brasileiros não pode pagar por pacotes de passeio para a Amazônia. E mesmo que pudesse, Valeria, por ter vivido tanto tempo na Europa, deveria saber que a distância entre Belo Horizonte e Manaus é aproximadamente a mesma de Barcelona até Moscou.
LAURO MAGALHÃES FRÁGUAS_VIÇOSA/MG
DELEGADO FLEURY VIRA DOM HÉLDER
Desde o fim da tarde do dia 24 de agosto, São Carlos (e todo o país!) livrou-se da ignominiosa homenagem que uma das ruas dessa cidade paulista prestava ao facínora Sérgio Paranhos Fleury, delegado-torturador e herói da ditadura militar (“Torturador na via pública”, piauí_20, maio 2008). Ao ser rebatizada com o nome de dom Hélder Câmara – o “cardeal vermelho”, como era acusado pelos militares –, a cidade de São Carlos manifesta sua solidariedade e reconhecimento à luta de todos aqueles (brasileiros e estrangeiros) que foram presos, sofreram torturas e morreram em defesa da redemocratização do país durante o período de 1964-85.
CAIO TOLEDO_CAMPINAS/SP
PIAUIENSES
Adorei: aumentar o espaço para as cartas! Os comentários – prós ou contras – surgem tal qual um debate apaixonante de opiniões, como numa conversa entre conhecidos que falam a mesma língua. Assim, mesmo discordando, estamos em sintonia…
P. S. You’re not alone, M. J., sorry…
IOLANDA GABRIELA DE OLIVEIRA AZEVEDO_SÃO JOÃO DA BOA VISTA/SP
Não me perguntem o porquê, mas leio a piauí assim. Quando chega a edição do mês, leio a seção de cartas. Vejo as matérias mais comentadas do mês anterior, e só então as leio (na revista passada). Depois, passo a ler as outras, de trás para frente. Já a revista do mês corrente, só lerei quando chegar a próxima, depois de ver a seção de cartas. Assim estou sempre atrasado, tipo Suplicy.
FÁBIO RIBEIRO CORRÊA_RIO DE JANEIRO/RJ
INTÉRPRETES
Ignorada pela grande imprensa, coube a vocês publicar uma extensa e bem pesquisada matéria sobre a profissão do intérprete (“Fina Sintonia”, piauí_36, setembro 2009). Permitam-me acrescentar uns poucos pontos. Para evitar que se pense que nossa profissão se compõe apenas de Yehudi Menuhins e Yo-Yo Mas: além das grandes estrelas há também os anônimos instrumentistas lá do fundo, que interpretamos, não chefes de Estado, mas anônimos em conferências sobre tudo e mais um pouco, desde a ablação do fígado do ferrão até “A ética do comum no mundo pós-marxista”. Não é apenas o Parlamento Europeu que emprega grande número de intérpretes. Há o Conselho, a Comissão e o Tribunal de Justiça, que compartilham a lista de intérpretes freelancers, além de um núcleo permanente de intérpretes funcionários, tudo organizado pelo citado supereficaz Serviço Comum de Interpretação-Conferências. Goering não foi enforcado. Em Nuremberg, nazistas inconformados conseguiram que uma jovem alemã seduzisse um soldadinho americano do corpo de guarda, e, alegando se tratar de um remédio, fizeram chegar ao Gordo uma cápsula de cianeto de potássio escondida numa caneta-tinteiro.
MAURO LANDO_RIO DE JANEIRO/RJ
NOTA DA REDAÇÃO: O leitor tem razão. Goering, condenado à forca, engoliu a cápsula fatal duas horas antes de colocar o pescoço à disposição do carrasco. A autora da reportagem procurou cianeto de potássio ao perceber o erro, mas foi enforcada antes de encontrá-lo.
DOIS-PONTOS: Exauridos pelo combate, cheios de cicatrizes e circunflexos de guerra, rendemo-nos às regras da nova ortografia a partir desta edição. Derrotados, ao menos nos poupamos de ter de explicar, a cada mês, por que consideramos a reforma uma cretinice colossal.
Na primeira segunda-feira de outubro, dia 5, na sede social de piauí, haverá o solene hasteamento de nossa exuberante bandeira, em comemoração ao nosso terceiro aniversário. Vanusa foi convidada para cantar o Hino do Piauí, mas compromissos etílico-psiquiátricos adrede agendados impedirão, lamentavelmente, a sua afinada presença. O 5 de outubro também é, como todo mundo sabe, o Dia da Ave – e, portanto, do pinguim, o simpático bípede que, sabe-se lá por quê, foi adotado como mascote da revista. Na falta de mais motivos, a data sublime oferece outra soberba oportunidade de congraçamento e celebração: festejar o aniversário de Wilfred Agbonavbare, ex-goleiro da Nigéria. Parabéns, Agbonavbare!