Dilma fez concessões a Morales esperando obter a saída do asilado da embaixada em La Paz, e acabou surpreendida pela ação de um diplomata em conflito com o chanceler Antonio Patriota FOTO: EFE_FERNANDO BIZERRA JR.
Novela boliviana
Como o caso do senador Roger Pinto expôs a crise entre Dilma e o Itamaraty
Claudia Antunes | Edição 94, Julho 2014
No início de agosto de 2013, Marcel Biato, o embaixador do Brasil em La Paz, convocou seus dois auxiliares mais graduados, Eduardo Saboia e Manuel Montenegro, e os três adidos militares. Pediu-lhes que considerassem algumas estratégias para retirar da embaixada o senador Roger Pinto Molina em situação de emergência médica. O político, dirigente da direita local, desafeto do presidente Evo Morales, estava instalado havia quase quinze meses numa sala da missão, que ocupa os primeiros dois andares de um prédio comercial da capital boliviana. Seu pedido de asilo diplomático havia sido aceito pela presidente Dilma Rousseff, mas o governo da Bolívia se negava a conceder o salvo-conduto para que ele pudesse sair do país.
Na época, não podia ser pior o clima entre o comando da embaixada e a cúpula do Itamaraty. Os dois lados se engalfinhavam em torno da situação de Roger Pinto desde que, cinco meses antes, Biato fora alijado das negociações com o governo boliviano sobre o destino do senador opositor. A embaixada relatava que o hóspede estava apático, descuidado com a aparência, e tinha deixado de se exercitar com os pesos e a bicicleta ergométrica postos à sua disposição.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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