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    O paraense Martins é um poeta dos jogos do amor físico, sem peias na língua, mas também do amor refletido, pensado como forma de conhecimento de si mesmo, do outro, da realidade FOTO: BÉLA BORSODI_1990

questões poéticas

O amor em seus abismos

A poesia erótica de Max Martins

Davi Arrigucci Jr. | Edição 99, Dezembro 2014

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Max Martins é um grande poeta brasileiro que pouca gente em nosso país sabe quem seja fora de sua terra natal, Belém do Pará. Por isso, tratá-lo desde logo como grande poeta equivale a falar de uma grandeza velada, ainda não de todo à mostra, apesar do círculo crescente de leitores que o vêm acompanhando com fidelidade e fervor desde sua estreia com O Estranho, em 1952.

Os traços principais do perfil do poeta, ao longo dos anos de sua formação, foram muito bem delineados por Benedito Nunes, amigo próximo, companheiro de geração e uma das balizas desse percurso que, como crítico, pôde acompanhar de perto. Fica evidente que, depois de pecadilhos parnasianos da mocidade provinciana, Martins logo mostrou garras antiacadêmicas e se abriu para os ventos que vinham do futuro com as vanguardas do século XX, e em primeiro lugar com a modernista, que tardou um pouco a chegar ao Norte, mas chegou e foi decisiva na moldagem de seus jovens poetas de então. Já Drummond atingira as alturas depuradas de sua lírica meditativa com Claro Enigma em 1951, quando sai, no ano seguinte, O Estranho, trazendo ainda marcas dos primeiros livros modernistas do poeta mineiro (Alguma Poesia e Brejo das Almas), e de seu sopro de renovação dos anos 30.

Com efeito, nosso poeta encontrou realmente um grande mestre no primeiro Drummond, sobretudo pelo humor irreverente, com a carga de seus chistes expansivos em severidade reflexiva. Isso deve ter representado uma verdadeira afinidade eletiva para Max Martins, cuja personalidade poética vai se revelando, desde o início, inclinada à reflexão, conforme o teor de seus poemas confirma a cada passo. A assimilação do humor reflexivo à maneira de Drummond se dá, por isso, com a perfeita familiaridade que aproxima poetas de uma mesma linhagem, sem impedir ou perturbar a configuração de traços próprios do aprendiz que se inicia; antes, pelo contrário, reafirma sua propensão central – acentuada, além disso, por um movimento interior que procurava cada vez mais cavar em si mesmo, numa matéria singular e própria, enfrentando todo o tempo as dificuldades para exprimi-la de forma pessoal, por mais intrincada que fosse.

 

Esse componente da experiência que o dizer ensimesmado de Drummond pode ter ajudado a realçar se mostra, no entanto, em contraposição a um movimento expansivo de Martins para o aprendizado de fora, como um fator fundamental para a constituição de sua personalidade poética. Num movimento compensatório da tendência para o insulamento interior, é como se o jovem poeta sentisse também a necessidade íntima de se abrir aos ares novos, para além de qualquer ilhamento espiritual que pudesse encontrar apoio na situação geográfica de Belém, a fim de cumprir o seu verdadeiro papel. Desde O Estranho, é de fato possível observar a autenticidade da busca pessoal que continuará a caracterizá-lo nos seus contatos posteriores com outros poetas isolados ou com tendências diversas das vanguardas. E também com a poesia e o pensamento do Oriente, a que se mostraria muito receptivo, seja pelo peso que a poesia ideogramática encontrou em tantos poetas ocidentais – como foi o caso de Ezra Pound ou, mais tarde, de Octavio Paz –, seja porque sua própria pesquisa temática levou-o ao encontro de vertentes afins na cultura oriental.

Vieram depois muitos outros ventos iniciatórios: dos imagistas americanos, Pound à frente, com a afirmação do poema curto, centrado na metáfora insólita e na fieira de detalhes concretos e exatos de um objeto ou cena claramente apreensível, além de seu contato com o Oriente, por meio da porta aberta por Ernest Fenollosa; de Bashō, com seus haiku, dos kōanszen-budistas, dos hexagramas e mutações do I Ching; das agruras cabralinas, com sua alta consciência do ofício, lucidamente debruçada sobre o “trabalho de arte” (que Cabral opõe à inspiração); da palavra solta no branco da página na nova sintaxe dos espaços significantes para os concretistas, defensores da poesia liberta do verso a que denominaram verbivocovisual. Tudo isso assimilado em rápida e despida concentração de um especial autodidata, poroso a tudo em sua margem de cidade ilhada, mas muito cônscia da necessidade de atualização em face do mundo contemporâneo. A ele tampouco faltou, por isso mesmo, o sal da terra – o saber compartilhado de Benedito Nunes, de Francisco Paulo Mendes e de intelectuais amigos e outros achegados, como Mário Faustino e o americano Robert Stock, então vivendo em Belém, mestres na arte da tradução poética e talvez parâmetros contrastantes por suas dicções distintas em seus livros de poemas. Decerto haveria ainda muito mais a acrescentar, pois de tudo ficou um pouco, deixando sinais visíveis na prática do poema de Max.

 

Mas isso basta para dar uma ideia de como foi rica e multifacetada a trajetória de formação do poeta paraense e de sua abertura para as diversas correntes poéticas e espirituais do século XX, que suas viagens ao exterior e seus contatos com poetas de fora só ajudariam a ampliar. O fundamental e decisivo, no entanto, é que tudo isso Martins parece ter absorvido e em parte incorporado sem nunca perder a voz própria, sem prejuízo algum para a originalidade de sua dicção poética, que salta à vista desde a primeira leitura.

 

Ao contrário, parece ter ido sempre afinando o verbo numa direção pessoal de investigação íntima: uma linguagem de corte ascético em sua rara condensação para dizer as complicações do mundo interior, sobretudo as que brotam do sentimento amoroso em seus enlaces lúdicos e graves, ganhando inesperada transcendência, a ponto de confinar com o inefável, roçando o silêncio. Martins se fez um poeta dos jogos do amor físico, libérrimos e sem peias na língua, ainda quando transfigurados pelo imaginário da paixão para além de suas estritas ardências; mas também do amor refletido, pensado como forma de conhecimento de si mesmo, do outro, da realidade – o amor em seus abismos. Por isso, sua poesia representa profunda imersão num erotismo que pode atingir confins místicos, mas vai sempre colado à experiência da carnadura concreta da linguagem, do corpo e do mundo. Há uma atitude antimetafísica e um materialismo bem palpável na pegada erótica de Martins, por mais que aqui e ali, em seus silêncios e vazios, possa tender a abstrações e vaguezas indizíveis.

Quando, em síntese, se procura determinar as linhas de força do itinerário do poeta, nota-se essa tendência contraditória para o insulamento e para a expansão, o que gera uma tensão especial em sua constante busca através da poesia. É como se ele escolhesse a solidão, o mergulho na própria singularidade − com sua forte inclinação para o discurso confessional, o diário íntimo, a exposição direta do autorretrato em palavra ou foto, a caligrafia, a própria assinatura à maneira de um ideograma. E, a uma só vez, tendesse para o diálogo e a abertura ao outro, ao diverso, ao desconhecido, a uma universalidade do conhecimento e da experiência poética em agudo contraste com o mergulho interior nas dobras mais privativas e difíceis do autoconhecimento. Penso que a paixão que demonstrou por um verso de Edmond Jabès que chegou a traduzir – “Tu és aquele que escreve e que é escrito” − sintetiza ambas as direções, ao fundir a abertura para a pluralidade que pode significar o ato de escrever com a inscrição da própria imagem do escritor na escrita que o singulariza. Mais que o homem, o estilo é aqui o traço de uma personalidade singular e, a uma só vez, a marca de seu desejo de ser todos ou nenhum, insígnia de sua universalidade.

Mas há muito mais do que isso. A vida simples e despojada que levou Max Martins esteve inteiramente entregue a seu trabalho poético, no qual sempre se nota a recusa de qualquer facilidade e um total empenho numa busca que, por isso mesmo, ele marca sempre com seu gesto humano. Como quem quisesse deixar um testemunho, um sinal, um M de seu nome inscrito qual o rastro indelével do homem que o traçou, feito a mensagem que um náufrago deixa na praia de sua ilha como notícia de sua catástrofe e de sua irresgatável solidão.

 

O resultado desse esforço tenaz e solitário é a dialética viva e forte de um poeta moderno que desde o princípio mostra, com ironia, suas dificuldades e titubeios, tateante em face do que não sabe bem o que seja, mas que um ímpeto mais fundo o faz correr o risco de enfrentar. Com sua dicção alusiva, elíptica, insólita, irônica, fruto dessa inquietação permanente na busca de exprimir o que muitas vezes não alcança dizer, deposita então suas sementes em formas do vazio, da incompletude, do inacabado, dando asas a um significado que pode brotar, ainda com ironia, até do silêncio. E assim se configura sua peculiar obscuridade, que é um desafio para se superar, mas sempre uma iluminação quando, com a superação, se dá.

Davi Arrigucci Jr.

Davi Arrigucci Jr., crítico literário e ensaísta, é autor de O Escorpião Encalacrado, da Companhia das Letras, entre outros.

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01 out 2012_11h53
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