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    Os Delfim Boys se referem até hoje ao ex-ministro com gratidão quase irrestrita. "Tudo é questão de lealdade. As pessoas vão percebendo que vale a pena ser leal", diz Delfim FOTO: EGBERTO NOGUEIRA_IMÃ FOTOGALERIA_2014

vultos da república

O chefe

De czar da economia na ditadura à amizade com Lula,como Delfim Netto exerceu superpoderes e cultivou lealdades

Rafael Cariello | Edição 96, Setembro 2014

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O economista Antonio Delfim Netto tirou o telefone do gancho e chamou a secretária: “Avisa ao Paulo que já vamos começar.” Sentado atrás da sólida mesa de madeira do seu escritório, fez um gesto com a mão e pediu que eu esperasse. O amigo de mais de meio século, ocupado na sala ao lado, gostava de acompanhar as entrevistas que vínhamos realizando. Ficaria triste se começássemos sem a sua presença.

Falou isso como se contasse um segredo, com a característica voz rouca e profunda, quase sussurrada, que costuma dar um ar de confidência e importância mesmo a observações prosaicas. É uma das marcas registradas de Delfim. Outras são os óculos de armação pesada e quadrada, comuns nos anos 70; o corpo atarracado e obeso, disposto como num triângulo de ponta-cabeça – mais largo na altura do peito, estreita-se abaixo da cintura, sustentado por perninhas frágeis e curtas –; e o estrabismo acentuado, semelhante ao do filósofo Jean-Paul Sartre, com o olho esquerdo sempre voltado para fora. Seus traços físicos incomuns estão reproduzidos pelas paredes do gabinete, emoldurados nas cerca de vinte caricaturas que decoram o ambiente. O conjunto de desenhos – uma espécie de museu de si mesmo – serve como registro de décadas de extraordinário poder.

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Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz

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