O cientista Miguel Nicolelis pede atenção
| Edição 64, Janeiro 2012
CARTINHA
Rôi queridos, meu nome é Howlin Jay, Jayyyyyyy, entenderam e não gayyyyy!!! Sabe honeys, vcs são bótimos, quero dizer ótimoooos!!! Dou várias gargalhadinhas com as vossas matérinhas, Ai! Que Fofas!! Sabe darlings, I’m not gay but I love you rs. É isso ae manos, parábens pelo ótimo trabalho e vão em frente! É disso que a gente precisa, dar várias gargalhadas. Um um grande abraço.
HOWLIN JAY_SAMPINHA, São Paulo (SP)
PEDIDO
Quero pedir, por favor, a revista precisa abrir um espaço ficcional para anônimos. Ou seja, publicar textos, contos, de preferência, de gente que nunca publicou nada antes. Grandes revistas americanas fazem isso. Seria ótimo ler textos de anônimos. Bons textos. Por favor, façam isso…
TÚLIO OLIVEIRA, Embu Guaçu (SP)
PLEONASMO
Gostaria apenas de apontar que no texto da página 7, da edição de janeiro, a expressão cacofonia sonora por um breve momento me causou uma cegueira visual.
HENRIQUE CALDARA
SUCESSO
Um formato chamativo e provocativo. Esta revista veio para acabar com o marasmo e a mesmice de muitos tabloides babacas. Sucesso é o que não vai faltar, mas não estou para elogiar e nem puxar o saco de ninguém. Mas abram mais espaços para nós leitores, fonte de opinião e sabedoria popular.
MARIO SÁ, Pedra Branca (CE)
BOM MOCISMO, NÃO
Gosto de começar minha leitura mensal de piauí pelas cartas. Desse modo fico a par da repercussão da edição anterior antes de perder da memória do que ela tratava exatamente. Acho as cartas tão interessantes quanto as próprias matérias, fruto que são da qualidade do público da revista, o qual se espalha por bem mais regiões do que o eixo Rio–São Paulo.
Acho as matérias suficientemente bem escritas e completas; por isso, apesar de gostar muito de lê-las, jamais enviei uma carta à redação. Não obstante, lendo a seção Cartas da edição 62 (novembro), fiquei seriamente contrariado com certos comentários, a meu ver perigosíssimos. Com efeito, os leitores quiseram ocupar piauí, definindo quais assuntos e de que maneira deviam ser tratados pela revista. Acho, de verdade, que a galhofice despojada, aliada à ousadia de certos contribuintes, é que fazem o mote da revista, “onde há assunto há piauí”, ser algo mais que um simples slogan. Os repórteres devem ter total liberdade para explorar qualquer assunto longe de filtros morais e preferências pessoais. O que seria errado é se a revista se negasse a publicar uma matéria tão deliciosa apenas porque sua personagem principal é ninguém menos que Kakay (“O defensor dos poderosos”, piauí_62, novembro), bem como se os repórteres passassem a adotar um discurso político e ambientalmente correto, apenas para que se mantenham as aparências de bom mocismo. Dá-lhe piauí! Ridendo castigat moris!
NOTA DA REDAÇÃO: Aleluia, Victor.
VICTOR JOSÉ DE SOUZA TEODORO, São Paulo (SP)
LITERATURA E PERCEPÇÃO
Ler o ensaio de Orhan Pamuk (“Ler um romance”, piauí_62, novembro) foi transformador. Durante todo esse tempo, lendo romances e narrativas diversas, não conseguia me compreender como leitor. Sempre fui muito ensimesmado e introspectivo, e isso provavelmente devo à leitura: desde criança fico hipnotizado enquanto leio, e cada livro é um teatro mental. A abordagem sobre o leitor ingênuo e sentimental foi ao mesmo tempo reveladora e confusa: ora, que tipo de leitor sou, afinal? Uma tranquilidade emergiu quando o próprio autor disse ter um pouco dos dois. Não que eu precise de análise, mas precisava dessa tranquilidade.
Creio que a tecnologia da palavra ainda não foi totalmente explorada e a ficção como narrativa, principalmente como romance, é um grande laboratório. Como Orhan sugere, o romance pode transcender a filosofia e a religião quando queremos compreender a vida, o mundo e nós mesmos. É um instrumento poderoso, que infelizmente ainda é visto como entretenimento vazio por algumas pessoas.
JEAN DE OLIVEIRA QUEVEDO, Soledade (RS)
PROSA E VERSO
Seria descortês demais eu sugerir à “anestética” Iumna Simon (“Condenados à tradição”, piauí_61, outubro) que lesse o “Manual do estilo desconfiado”(piauí_63, dezembro), do suspeito Fernando Paixão?
JOÃO MANOEL NUNES DE SOUZA, Tubarão (SC)
QUESTÕES TELEJORNALÍSTICAS
Não pude compreender as razões que levaram a revista a publicar um texto assinado pelo antigo diretor-geral da Rede Globo, José Bonifácio Sobrinho (“Com Roberto Marinho”, piauí_63, dezembro). Já as razões deste, estas sim, são sobremaneira evidentes. O ex-executivo global não procura senão reescrever a história a partir da peculiar visão de mundo das Organizações Globo. Trata-se da criação ou da consolidação de um mito fundador, com o sr. Roberto Marinho investido na figura do herói. Ao contrário do que quer fazer crer Boni, Roberto Marinho sustentou sim uma estreita e amigável relação com os militares no poder. Isto é da ciência de todos. Talvez os mais de trinta anos de atuação na Rede Globo e de convivência com Roberto Marinho tenham mal-acostumado Boni a reescrever a história ao bel-prazer de seu arbítrio.
JOÃO GABRIEL VIEIRA BORDIN, Londrina (PR)
À MODA ANTIGA
Tinha que ser desta forma. Escrita à mão, em papel pautado, com meses de atraso, e enviada pelo correio em envelope normal com selo colado no canto superior direito. Não podia ser de outra forma para entrar no clima das cartas de Julio Cortázar (“Misteriosa entrega e mudança de si mesmo”, piauí_58, julho)
Pertenço à leva dos últimos humanos para quem a correspondência escrita, já enquadrada como “literatura epistolar”, era uma atividade constante e corriqueira. Sabíamos com precisão o que pensavam e por que momentos passavam nossos amigos, os amigos dos nossos amigos e nossas ex-namoradas que viravam nossas amigas. Escrevíamos longas cartas com pensamentos, comentários e trivialidades. Aguardávamos ansiosos pela “resposta” que podia levar meses, mas vinha. Enviávamos cartões-postais dos lugares que visitávamos. Conhecíamos nossos amigos pela letra, pela forma com que as palavras ora se espalhavam, ora se amontoavam pelo papel, revelando mais do que o texto em si, a emoção com que fora escrito.
As cartas eram guardadas, relidas, questionadas. (Eu ainda guardo muitas e é uma emoção indizível reler um conselho dado há quarenta anos, ou lembrar fatos completamente irrelevantes, mal eternizados em texto.) Nas cartas congelávamos nossa idade, nossa identidade e nossa essência. Paradoxalmente, o “aqui e agora” durava para sempre.
Nada contra a tecnologia. Pelo Skype reencontrei parentes e amigos que julgava perdidos ou mesmo falecidos, e conheço pessoas novas todos os dias, inclusive umas com a cara de Betty Boop, de flor ou de bicho, ou sem cara alguma. Mas, sinceramente, não me interessa muito saber “o que você está pensando agora”. Acho muito mais interessante saber o que alguém estava pensando há seis meses, o que aconteceu desde então, que proveito podemos tirar disso e quando poderemos colocar em dia nossos assuntos, mesmo que por escrito. Como pessoas. Como antigamente.
CARLOS CYPAS, São Carlos (SP)
O PROTETOR E O OPPORTUNITY
Na reportagem “O defensor dos poderosos” (piauí_62, novembro) é preciso esclarecer que não foi encontrada nota fiscal “de 8 milhões de reais, relativos aos honorários do advogado” no escritório do Opportunity e de Daniel Dantas.
Elisabel Benozatti (Opportunity), São Paulo (SP)
QUESTÕES NEUROLUDOPÉDICAS
Em relação à reportagem “O chute”,publicada pela piauí na edição 63 (dezembro), agradeço o espaço dedicado ao importante projeto Walk Again. Gostaria, no entanto, de discordar de alguns pontos de vista e esclarecer informações. Todas as fontes ouvidas na reportagem jamais tiveram acesso à tecnologia em desenvolvimento (mantida sob sigilo) que sustenta os experimentos do projeto Walk Again. A maioria dos críticos ouvidos não tem trabalhos publicados na área de interface cérebro–máquina, tampouco conhecimento técnico específico das novas tecnologias que serão usadas no projeto.
Os resultados mencionados pelo professor Sidarta Ribeiro se referem a implantes realizados em ratos. Como o professor Sidarta nunca utilizou nossos eletrodos em registros crônicos em macacos, ele não tem conteúdo ou qualificação técnica para emitir um parecer sobre o desempenho e longevidade dos mesmos. Estudos realizados no Centro de Neuroengenharia da Universidade Duke mostram que sinais neuronais de ótima qualidade podem ser obtidos até seis anos depois do implante inicial dos mesmos microeletrodos em macacos-da-noite (owl monkeys). Em macacos rhesos, registros de ótima qualidade continuam a ser obtidos três anos depois da cirurgia de implante. Como esses animais continuam sendo utilizados, o limite máximo de durabilidade não foi estabelecido, mas certamente é superior a seis anos. Tais achados invalidam completamente as declarações do professor Sidarta Ribeiro e de seu colega Sérgio Neuenschwander. Vale ressaltar ainda que nem o professor Sidarta Ribeiro nem qualquer outro pesquisador do Instituto do Cérebro da UFRN têm experiência com interfaces cérebro–máquina e nenhum deles teve acesso à ultima geração de microeletrodos que serão usados no projeto Walk Again.
Utilizar o palco da Copa de 2014 como sugestão para a primeira demonstração pública é um ato simbólico, e não um show midiático. É uma forma de despertar a atenção do mundo para um problema muito maior, que atinge milhões de vidas. Uma possibilidade, mesmo que emblemática, de mostrar que, além de futebol, o Brasil é um país que também sabe fazer ciência de ponta, que tem interesse, tecnologia e profissionais capacitados para executar um projeto deste nível e envergadura. Sabemos que o Walk Again será o primeiro passo de vários que deverão ser dados pela ciência e medicina mundial. Mas, para um dia tetraplégicos terem acesso em massa a essa tecnologia, precisamos começar de algum ponto.
O jornalista coloca o Conep em situação desconfortável ao confrontá-lo sobre um tema que ainda não pode analisar. O ato de fazer um jovem paraplégico dar o pontapé inicial da Copa de 2014 será a demonstração do projeto, e não o experimento em si. Todos os experimentos serão realizados de forma ética e correta, com o devido consentimento e aprovação do Conep.
O Walk Again faz parte de um consórcio internacional sem fins lucrativos, criado por uma equipe de cientistas brasileiros, americanos, suíços e alemães. É um projeto independente, desenvolvido há anos, muito antes de se discutir Copa do Mundo no Brasil, reconhecido e retratado internacionalmente pelas mais criteriosas e renomadas publicações científicas mundiais (Nature, Science e Scientific American). Nenhuma dessas publicações levantou qualquer dúvida sobre a idoneidade e relevância mundial desse projeto. Portanto, não está e jamais esteve vinculado ao PT ou a qualquer outro partido ou ideologia política.
Piauí equivocou-se ao afirmar que o Instituto Internacional de Neurociência de Natal Edmond e Lily Safra é mantido majoritariamente com dinheiro público. O orçamento do IINN-ELS está estruturado da seguinte forma: dois terços de verba privada e um terço de verba pública, oriunda de instituições de fomento à pesquisa científica.
MIGUEL NICOLELIS, São Paulo (SP)